terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Aula 05 – UM HOMEM DE DEUS EM DEPRESSÃO


1º Trimestre/2013

Texto Básico: 1Reis 19:2-8

03/02/2013

“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (2Co 4:8,9)

INTRODUÇÃO

Sempre que realizamos ou estamos prestes a realizar algo importante para Deus, enfrentamos o ataque do inimigo. Até ao triunfo do Carmelo quando Elias sozinho enfrentou quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e quatrocentos do poste-ídolo Aserá, não se observa nele segundo as Escrituras nenhum traço de depressão espiritual. Mas depois do Carmelo e mais precisamente quando Elias aguardava à entrada de Jezreel boas notícias que dentro de um prognóstico seu viriam da casa real, tudo mudou (1Reis 18:46). Elias fez um prognóstico que uma vez exterminados os falsos profetas de Baal, Deus, de imediato, enviaria o avivamento espiritual sobre toda a nação. Isto fica mais evidente quando depois da vitória sobre os falsos profetas, Elias disse a Acabe: “Sobe, come e bebe, porque já se ouve ruído de abundante chuva” (1Reis 18:41). A chuva era o sinal! Quando Acabe deu a notícia a Jezabel, ela prontamente enviou um mensageiro dizer a Elias: “Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles” (1Reis 19:2). Elias esperava uma renovação espiritual na realeza face a presença de Deus incidida no Monte Carmelo, demonstrando que só Ele é Deus e Senhor em Israel. Entretanto, ouve uma ferrenha oposição ao profeta de Deus e isto lhe causou depressão, levando-o a desistir de lutar. Ele tirou os olhos de Deus e colocou-os nas circunstâncias. Isso pode acontecer com qualquer um de nós, por isso precisamos ter muito cuidado.

I. DEPRESSÃO

1. O que é depressão. É uma doença física como outra qualquer, só que desorganiza as reações emocionais. Ela é muito complexa e difícil de ser diagnosticada, pois um dos seus principais sintomas pode ser confundido com tristeza, apatia, preguiça, irresponsabilidade e em casos crônicos como fraqueza ou falha de caráter. É muito comum ouvir as pessoas dizer que estão deprimidas, quando apenas estão chateadas, estressadas ou porque se desentenderam com alguém.

Muitas pessoas, até aquelas consideradas muita calmas, perderia a paciência ou se chatearia numa briga de trânsito, invertida profissional, falta de grana, doença na família, perda de um ente querido, desemprego, crise conjugal, etc. Isto é comum na vida das pessoas, oscilamos o nosso humor diariamente. Só que depois de um curto período de tempo voltamos ao normal, sem grandes dramas, correndo atrás do prejuízo. Já a pessoa deprimida ou com predisposição, às vezes com uma chateação corriqueira, pode ser nocauteada e cair num abismo sem fim. Porque é assim mesmo que se sente um deprimido. Uma pessoa sem perspectiva de vida, sem amor próprio, pessimista, desanimada que não vê graça em nada a não ser no seu isolamento e luto em vida. Na realidade este desânimo perante a vida não é falta de atitude e sim um mau funcionamento cerebral. Porque embora muitas pessoas acham que depressão é tolice, “ela é uma doença, um desequilíbrio bioquímico dos neurotransmissores (mensageiros químicos do impulso nervoso) responsáveis pelo controle do estado de humor. Em alguns casos, a cura não depende, como se costuma pensar, da vontade própria”(fonte: http://www.espacovidaclinica.com.br/tratamentos.asp?tratamento=1).

Devemos ter cuidado para não associar a depressão com pecado, o que costuma acontecer em muitas igrejas. Essa doença, dependendo do caso, pode ser tratada tanto com medicação quanto por meio de terapia e aconselhamento. Não podemos descartar a possibilidade de uma cura divina, e, quando necessário, atentar para a necessidade de uma intervenção médica (Mt 9:12).

2. Sintomas da Depressão. Os sintomas da pessoa com depressão podem passar completamente despercebidos e só tomamos consciência da situação quando a pessoa comete alguma "asneira". Depois é demasiado tarde. Alguns dos sintomas são: Após um período de tristeza, a pessoa esmorece e fica "isolada do mundo". Não sente vontade de reagir, não acha graça em nada, se sente angustiada, sem energia, chora à toa, tem dificuldade para começar uma tarefa, dificuldade em terminar o que começou, persistência de pensamentos negativos e um mal-estar generalizado: indisposição, dores pelo corpo, insônia ou sonolência, alterações no apetite, falta de memória, concentração, vulnerabilidade, fraqueza, taquicardia, dores de cabeça, suores ou outros sintomas físicos que joga a pessoa pra baixo; pessimismo, hipocondria, autocrítica; sentimentos de culpa, de vergonha, de desamparo; sentimento de que não é digno; perda de interessa no trabalho e/ou na vida sexual, tensão, tendência a acidentes, etc.

3. Causas da depressão. A depressão pode ser causada pela maneira como se vive no trabalho, no lar, na escola. O emprego que não oferece recompensa, mas não pode ser deixado porque não há outro em vista; muita tensão de horários e prazos; tensão doméstica, econômica, déficit de sono, pouco exercício físico, problemas pessoais, problemas de criação, problemas na infância, problemas de relacionamento, distância de Deus, a meia-idade (difícil para o homem, ainda mais difícil para a mulher), desapontamentos, enfermidade, depressão após o parto, rejeição, alimentação inadequada, efeito de entorpecentes, perda de emprego, perda de posição, perda de pessoas queridas por morte, divórcio, abandono etc., etc. Outras causas não têm sentido aparente, porém, na verdade, são provocadas por um desequilíbrio interno, como desordens glandulares ou hipoglicemia.

A verdade é que a depressão é uma condição da qual Satanás se aproveita para tornar o povo de Deus inútil para a Obra do Mestre. Entende o cristão deprimido que Deus dá perdão, mas não o experimentou ou acha que não foi salvo ou que perdeu a salvação (coisa que a Bíblia não ensina), ou ainda que cometeu o pecado imperdoável (sem saber defini-lo). Satã ataca o cristão com o cansaço que deprime, e, assim, vem o sentimento de fraqueza, ansiedade e medo. Medo da morte, medo do amanhã, medo de gente, medo de coisas específicas, e medos mal definidos também.

Como se vê, as causas da depressão podem ser as mais diversas, inclusive não podemos descartar os casos hereditários. Há pessoas que, ao que tudo indica, têm alguma propensão, vinda dos seus pais, para desenvolver esse tipo doença. Mas, na maioria das vezes, a causa da depressão é cultural, isto é, depende do estilo de vida no qual as pessoas se integram e a que são expostos.

II. ELIAS - UM HOMEM COMO OS OUTROS

“Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e orou com fervor para que não chovesse, e durante três anos e seis meses não choveu sobre a terra. E orou outra vez e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto" (Tg 5:16-18).

Elias foi um homem levantado por Deus em tempo de crise política e apostasia religiosa em Israel. Ele, ousadamente, confrontou os pecados do rei Acabe, dizendo-lhe que em seu reino não choveria por três anos, e chamou a nação indecisa a colocar sua confiança em Deus. De uma forma milagrosa multiplicou o alimento da viúva de Sarepta; também orou a Deus em favor do filho da viúva, que havia morrido, e Deus o ressuscitou. Elias desafiou os quatrocentos e cinquenta profetas do deus Baal e os quatrocentos do poste-ídolo Aserá, no alto do monte Carmelo, e triunfou valentemente sobre eles, Deus deu-lhe uma vitória espetacular diante do povo de Israel; depois da vitória, ou seja, de provar que “só o Senhor é Deus”, Elias motivou o povo a que os falsos profetas do falso deus Baal fossem mortos.

Pergunto: como é possível nos dias de hoje nos identificarmos com uma pessoa tão extraordinária como o profeta Elias? Todavia, Tiago disse: "Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós..." .

É difícil tentar ver alguma semelhança com um homem que tinha esse tipo de fé. Seria mais fácil nos identificarmos com alguém como Pedro. Pedro era um individuo, que antes de ter sua vida controlada pelo Espírito Santo, estava sempre metendo os pés pelas mãos, quebrava promessas e ainda negou ao Senhor; mesmo depois de muitos anos de convertido ainda cometia atitudes incondizentes com o padrão espiritual de um apóstolo (cf. Gl 2:11-13). Também seria fácil nos identificar com Davi, às vezes ele tinha problemas com Deus; tinha problemas com os filhos; não sabia em quem confiar; caiu em adultério; mandou matar. Estes sim, eram homens sujeitos às mesmas paixões que nós.

No entanto, Tiago não falou sobre Davi, nem sobre Pedro. Falou daquele habitante do deserto, de origem humilde e insignificante humanamente falando: Elias. O que Tiago queria dizer era que Elias era um ser humano de natureza semelhante à que temos - com sentimentos, disposições de ânimo e constituição física igual. Era alguém tão humano quanto nós; ele tinha também os pés de barro. Não era um super-homem nem um super-crente. Depois de retumbantes vitórias, Elias ficou deprimido e pediu para si a morte.

Precisamos parecer com Elias nos seguintes aspectos: um distanciamento do mundo, fidelidade a Deus e um comprometimento com a Palavra de Deus. Aliás, a fidelidade inabalável de Elias a Deus e o comprometimento com a sua Palavra, faz dele um exemplo de fé, destemor e lealdade a Deus, ante a intensa oposição e perseguição às falsas religiões e aos falsos profetas. Temos habilidade de imitar esse grande homem de Deus?

III. AS CAUSAS DOS CONFLITOS DE ELIAS

1. Decepção. O sentimento de incapacidade ou fracasso, diante da realização de um trabalho aparentemente inútil, pode nos levar à depressão. Disse a ímpia Jezabel: “Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles” (1Reis 19:2). Elias não estava preparado para esta resposta da realeza, pois entendia que todo o problema em Israel se resumia aos falsos profetas. Concluiu que uma vez exterminados, não só a chuva cairia, mas a fome deixaria de assolar a nação, o pasto ressurgiria para alimentar o gado; lagos, córregos e rios alegrariam o povo em abundância de água. Que mais a realeza e a multidão queriam? Mas, o seu prognóstico foi uma decepção; por isso, caiu em depressão. Elias caiu em depressão por se achar um fracassado em sua missão espiritual para com o povo e, sobretudo com Acabe e Jezabel. As bênçãos materiais, Deus tinha derramado; mas as espirituais, como a salvação e a mudança de atitude da realeza para com Ele mesmo e seu povo, o Senhor não realizara. Isso foi o bastante para o mundo de Elias ruir. Disse o profeta: “Basta; toma agora a minha alma, não sou melhor do que meus pais” (1Reis 19:4). Elias não teve poder de reação para lidar com o ocorrido. É um perigo quando objetivamos algo e em prol deste algo empenhamos toda a nossa força sem lograr êxito. Elias se sentiu assim. Julgou que seu esforço foi em vão porque Deus não agiu na realeza de Israel conforme seu ponto de vista. A vontade do Senhor é soberana!

2. Medo. Quando Elias soube da oposição da realeza ao seu grande feito no Monte Carmelo, a sua reação imediata foi esta: “Temendo, pois, Elias, levantou-se e, para salvar sua vida...”(1Reis 19:3). O profeta valente e ousado agora estava fugindo de medo das ameaças da rainha que poderia lhe tirar a própria vida. Num dado momento, Elias pensou que sua vida dependia da ímpia Jezabel e não de Deus. Por isso, ele temeu e fugiu. Sempre que tiramos nossos olhos de Deus para colocá-los nas circunstâncias adversas afundamos num pântano de desespero.

IV. AS CONSEQUENCIAS DOS CONFLITOS

1. Fuga e isolamento. Fugir é a primeira reação quando nos sentimos incapazes diante do inimigo (1Reis 19:3). Moisés, incompreendido pelos filhos de Israel e procurado por Faraó, fugiu para Midiã (Ex 2:15). Davi tomou a mesma atitude; durante prolongada crise, fugiu para Aquis, rei de Gate, fazendo-se de louco (ler 1Sm 21:10-15).

Elias realizou grandes feitos perante o Senhor: extirpou a idolatria de Israel (1Reis 18:19-40) e fez chover sobre a terra, após um longo período de seca (1Rs 18:41,42; Lc 4:25; Tg 5:17,18). Todavia, isso não impediu que o profeta ficasse apavorado diante das desprezíveis ameaças de Jezabel (1Rs 19:4,9). Então, fugiu! Ele entrou na caverna da solidão quando mais precisava de pessoas à sua volta. A depressão prega esse artefato: quando mais precisamos de companhia queremos nos trancar nos quartos escuros. Elias dispensou o seu moço, quando mais precisava dele. Muitos, por não confiarem plenamente em Deus, usam o sono, o isolamento, o entretenimento, e tantas outras coisas para fugir da realidade. Se você estiver enfrentando um problema difícil, a ponto de desejar esconder-se em uma cisterna (1Sm 13:6), saiba que o Senhor tem um escape para você (Sl 91;Hb 13:5).

2. Autopiedade e desejo de morrer. Depois de percorrer muitos quilômetros, Elias deixou o seu discípulo e se prostrou debaixo de um zimbro de tanta exaustão. Observemos que a Palavra é clara: “e ali deixou o seu moço”(1Rs 19:3). Elias perdeu o ânimo para ensinar o seu discípulo e o amor por si próprio - “Ele, porém, entrou pelo deserto caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, dizendo: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais” (1Reis 19:4). Ele perdeu completamente a perspectiva do futuro. Elias pediu para si a morte. Ele julgou que o melhor tempo da sua vida havia ficado no passado e que o futuro só lhe reservava um espectro de desespero. A angústia de Elias lhe trouxe um estado espiritual mórbido. Um anjo lhe acorda com pão e água, ele come e volta a seu estado mórbido anterior: dormir. Se antes uma pequena nuvem era sinal de milagre, agora nem um anjo é capaz de lhe mostrar a vitória (1Reis 19:5,6).

V. O SOCORRO DIVINO

Deus tratou a depressão de Elias através de vários recursos.

1. Deus o tratou por meio da sonoterapia(1Reis 19:5,6)

A depressão deixa a mente agitada. Uma pessoa deprimida fica com o corpo cansado, mas a mente não desliga. Elias precisou dormir e descansar para sair do buraco da depressão. Deus encontrou o seu servo num momento de desmotivação e desespero. A depressão lhe era tão intensa que desejou a morte (1Reis 19:4). E nessa condição sentou-se debaixo de uma árvore e dormiu profundamente. Deus permitiu que o seu servo tivesse um momento de descanso.

2. Deus o tratou por meio da alimentação adequada(1Reis 19:6)

Deus preparou uma refeição para Elias no deserto. Deu-lhe pão e água e ele recobrou suas forças. Uma pessoa deprimida, muitas vezes, sente náuseas do alimento. É preciso fortalecer o corpo no tratamento dessa doença. O Senhor, através de seu anjo, o alimentou e permitiu que repousasse. Não houve nenhuma reprimenda, sermão ou repreensão. Deus providenciou uma refeição de pão quente e água fresca e o deixou descansar. Era preciso recobrar suas forças físicas. Creio que isto é necessário não só no caso de Elias. É preciso repousar, descansar e ter uma alimentação adequada. Podemos prevenir a depressão proporcionando um período de descanso.

3. Deus tratou Elias por meio da mudança de ambiente

Elias precisava de tempo e de um novo ambiente, para considerar sua vida sob um novo ponto de vista. Deus tirou Elias do deserto (1Rs 19:7,8) e levou-o à sua presença, em Horebe. 1Reis 19:9 diz: “Ali entrou numa caverna, onde passou a noite; e eis que lhe veio a palavra do Senhor e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?”. O profeta passou uma noite inteira no “aposento” de Deus. Foi o próprio Senhor que o conduziu à sua presença. Os versos 7 e 8 deixam claro isto: “Voltou segunda vez o anjo do senhor, tocou−o e lhe disse: Levanta−te, e come, porque o caminho te será sobremodo longo. Levantou−se, pois, comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus”. Deus estava em silêncio quando Elias estava prostrado no chão pedindo para si a morte. Agora, no monte Horebe é diferente, Deus lhe dirige a palavra: “Que fazes aqui Elias?”. Deus não o condenou por sua atitude. Ao invés disso faz essa pergunta. Deus queria entender. Não que Ele não entendesse, mas queria que o profeta expressasse, verbalizasse o seu problema. Certas vezes precisamos colocar para fora os nossos sentimentos, mas devemos fazê-lo de uma maneira responsável. Deus também fez Elias entender e enfrentar a realidade. Para vencer a depressão é preciso entender e enfrentar a realidade.

Quem não anela ouvir em meio às tempestades a voz inconfundível de Deus? A palavra de Deus é lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos (Sl 119:105). E mais: “Na tua presença há plenitude de alegria” (Sl 16:11). O profeta deprimido, como qualquer outro crente, precisava da amável e confortadora presença de Deus. Foi somente no trono do Pai que Elias se reencontrou com a verdadeira alegria que a depressão espiritual lhe tirou.

4. Deus o tratou dando-lhe a oportunidade do desabafo

Elias estava dentro da caverna, quando Deus lhe perguntou: “O que fazes aí, Elias?”. Deus, assim, o ordena a sair da caverna para destampar a câmara de horror da alma e espremer o pus da ferida – “Respondeu ele: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos exércitos; porque os filhos de Israel deixaram o teu pacto, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada; e eu, somente eu, fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem” (1Reis 19:10). O desabafo é uma necessidade vital para a assepsia da alma. Faça o mesmo: conte a Deus, conte a um bom amigo que lhe seja instrumento de Deus.

5. Deus o tratou dando-lhe bem-estar espiritual - Deus se revelou maravilhosamente a Elias

Em 1Reis 19:11 está escrito: “Disse−lhe Deus: Sai, e põe−te neste monte perante o Senhor. Eis que passava o Senhor...” . São poucos os casos bíblicos em que Deus se revela de uma maneira especial para os seus filhos. Abraão foi chamado amigo de Deus (Tg 2:23). Enoque andou com Deus (Gn 5:24). Jó depois da provação, quando perdeu bens, amigos, filhos, saúde, pôde dizer: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso me abomino no pó e na cinza” (Jó 42:5,6). Existe um anelo em todo cristão para contemplar a grandeza do Senhor, à semelhança de Moisés que suplicou a Deus: “Rogo−te que me mostres a tua glória. Respondeu−lhe, o Senhor: Farei passar toda a minha bondade diante de ti, e te proclamarei o nome do Senhor; terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer” (Êx 33:18,19). É na vontade soberana de Deus que está o segredo de sua manifestação pessoal aos seus. Isto não implica dizer que não devamos pedir e orar pela bênção. Devemos sim, buscar acima de tudo o Deus da bênção e não meramente a bênção como é corrente nos dias de hoje! Elias, assim como os outros, foi agraciado por Deus com sua maravilhosa manifestação.

Em 1Reis 19:11, Deus não estava num grande e forte vento; muito menos no terremoto. Em 1Reis 19:12, o Senhor não estava no fogo, mas numa brisa suave e tranquila. À suave manifestação de Deus, Elias “envolveu o rosto no seu manto...” (1Rs 19:13). O profeta sentiu o marcante poder santificador e renovador do Senhor. Não há depressão espiritual que resista ao tratamento do Médico dos médicos. É Ele quem unicamente amassa o barro porque Ele é o oleiro!

6. Deus deu uma lição no profeta Elias

Em 1Reis 19:18 Deus fala assim: “Também conservei em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou”. Deus é o mestre por excelência. Ele ensinou ao rebelde e insensível profeta Jonas o valor do verdadeiro amor ao próximo através da morte de uma simples planta (Jn 4:6−11). O salmista aprendeu o valor da disciplina divina, pois escreveu: “Antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo a tua palavra. Bem sei, ó Senhor, que os teus juízos são justos, e que com fidelidade me afligiste” (Sl 119:67,75). Elias experimentou a correção celestial em sua vida, mas antes disto se estribou em sua fidelidade a Deus para reclamar sua proteção. Em 1Reis 19:14 ele repete com mais intensidade o que falara no versículo 11: “Tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor Deus dos exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar−me a vida”. Não é correto quando temos a oportunidade de ficar frente a frente com o Altíssimo e ficamos querendo nos justificar, com autocomiseração, se fazendo de vítima, tentando convencer a Deus de nosso extremo zelo (1Reis 19:14). Deus não nos mandou ser extremamente zeloso, mas sim zeloso apenas. Todo extremo é perigoso.

O profeta ouviu do próprio Deus: “Também conservei em Israel”, Elias, “sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que não o beijou” (1Rs 19:18). Deus mostra-nos nosso equívoco: tem mais gente passando pelo que estamos passando - Sete mil joelhos que não se dobraram a Baal. Elias estava se achando o último dos profetas. Talvez imaginasse que nele se resumisse a esperança de Israel. Elias aprendeu que Deus é Deus. Que lição!

7. Deus renovou a vocação profética de Elias

1Reis 18:15,16 evidencia isto: “Então o Senhor lhe disse: Vai, volta pelo teu caminho para o deserto de Damasco; quando lá chegares, ungirás a Hazael para ser rei sobre a Síria. E a Jeú, filho de Ninsi, ungirás para ser rei sobre Israel; bem como a Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás para ser profeta em teu lugar” (1Reis 19:15,16).

Uma vez revigorado, Elias, o tesbita, tinha que ungir Hazael como rei da Síria; Jeú como rei de Israel; e a tarefa mais difícil, que era ungir a Eliseu como profeta em seu lugar. Elias tinha agora que passar o cajado. Talvez não imaginasse que este dia chegasse nestas circunstâncias. Contudo, tinha sido renovado para tal missão! Já que pediu a morte, Deus prepara seu sucessor na sua “barba”. Sempre precisaremos do renovo de Deus em nossas vidas. Grandes homens de Deus precisaram! Elias necessitou! Portanto, busquemos o trono da graça do Senhor, pois de lá, somente de lá vem o reavivamento que nos curará de toda depressão espiritual.

8. Deus providenciou um amigo próximo (1Reis 19:19-21)

É interessante observar que Deus não lhe deu apenas um sucessor, mas alguém que o amava e o compreendia suficientemente bem para servi-lo e encorajá-lo. Todos nós precisamos de outros cristãos em nossa vida para nos ajudar e encorajar. É por isso que Deus estabeleceu a igreja, para vivermos em comunhão, em amizade e em encorajamento mútuo.

CONCLUSÃO

Como Elias, podemos estar sujeitos às mesmas situações. Há crentes que passam por momentos de depressão, perdem o ânimo e acreditam que Deus sequer está ao lado deles. Mas veja o que aconteceu com Elias. Deus o socorreu e o alimentou de forma sobrenatural, convidou-o para uma caminhada, para mais perto de si, e mostrou quem seria o seu substituto no Reino do Norte. Mesmo em momentos de depressão, os servos de Deus podem contar com o seu cuidado proteção e orientação. Deus não só habita no alto e santo lugar, mas também com o contrito e quebrantado de coração (Is 57:15). Jeová jamais deixaria seus filhos sozinhos, no quarto escuro e solitário da depressão espiritual. O hino 193 da harpa cristã traz a confiança inabalável em Deus oriunda do usufruto de Sua presença apesar da depressão: “Ele intercede por ti, minh’alma; Espera Nele, com fé e calma; Jesus de todos teus males salva, E te abençoa dos altos céus”.


Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão – nº 53 – CPAD.
A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.
Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.
Porção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Aula 03 – A LONGA SECA SOBRE ISRAEL


1º Trimestre/2013

Texto Básico: 1Reis 18:1-8

“E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje te ordeno, de amar o SENHOR, teu Deus, e de o servir de todo o teu coração e de toda a tua alma, então, darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhas o teu cereal, e o teu mosto, e o teu azeite. E darei erva no teu campo aos teus gados, e comerás e fartar-te-ás. Guardai-vos, que o vosso coração não se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos inclineis perante eles;e a ira do SENHOR se acenda contra vós, e feche ele os céus, e não haja água, e a terra não dê a sua novidade, e cedo pereçais da boa terra que o SENHOR vos dá”(Dt 11:13-17).

INTRODUÇÃO

Impulsionado pelo Espírito de Deus, Elias se apresenta diante do rei Acabe e declara que não haveria nem chuva nem orvalho enquanto o próprio profeta não o pedisse a Deus(1Rs 17:1). Numa frase tão curta e sucinta, como é este versículo das Escrituras, encontramos um exercício imenso de fé. Elias, um profeta que vivia retirado da sociedade, é levado pelo Espírito a se apresentar nada mais nada menos que diante do próprio rei e a dizer que haveria uma grande seca até o instante em que ele pedisse a Deus que chovesse. Que coragem da parte do profeta! Que determinação, ou seja, que disposição firme de cumprir a Palavra de Deus!

Denunciar o pecado e anunciar o juízo divino não é uma tarefa fácil e o serviço a Deus traz inevitável aborrecimento do mundo e dos pecadores. Não pensemos nós que servir ao Senhor é alcançar popularidade, respeito e medo dos ímpios, mas, bem ao contrário, é acirrar os ânimos das hostes espirituais da maldade contra nós.

I. O PORQUÊ DA SECA

1. Disciplinar o rei e o povo de Israel. O contexto de 1Reis 17 e 18 nos mostra claramente que Deus, na sua soberania, determinou a seca sobre Israel para corrigir o rei e o povo da sua teimosa idolatria e para revelar que somente Deus é o provedor de todas as coisas, que só Ele é quem tem o domínio sobre a natureza que Ele mesmo criou.

Deus reteve a chuva durante três anos e meio (Lc 4:25;Tg 5:17). Esse juízo humilhava Baal, pois seus adoradores criam que ele controlava a chuva e que era responsável pela abundância nas colheitas. E esta forma punitiva usando a natureza fora prevista muito antes, à época de Moisés, caso o povo se desviasse dos caminhos do Senhor:

“E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje te ordeno, de amar o SENHOR, teu Deus, e de o servir de todo o teu coração e de toda a tua alma, então, darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhas o teu cereal, e o teu mosto, e o teu azeite. E darei erva no teu campo aos teus gados, e comerás e fartar-te-ás. Guardai-vos, que o vosso coração não se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos inclineis perante eles;e a ira do SENHOR se acenda contra vós, e feche ele os céus, e não haja água, e a terra não dê a sua novidade, e cedo pereçais da boa terra que o SENHOR vos dá” (Dt 11:13-17).

2. Revelar a divindade verdadeira. Outro motivo para a seca era o desafio de Deus contra as divindades sidônias Baal e Aserá. Essas "divindades" já eram conhecidas dos israelitas, mas foram importadas e oficializadas por Jezabel, esposa de Acabe. Os habitantes do Reino de Israel, que haviam se esquecido do Senhor, acreditavam que essas divindades "davam" a chuva e a colheita no tempo devido. Agora Deus mostraria seu poder retendo a chuva e permitindo que a fome fizesse os israelitas pensarem melhor na pessoa a quem sua fé era direcionada.

Por ocasião desse seca, Deus, através do seu profeta Elias, realizou alguns milagres. Elias multiplicou o alimento de uma viúva pobre e depois ressuscitou o filho dela. Após retornar de Sarepta, na Fenícia, onde foi sustentado por uma viúva, Elias fez descer fogo do céu com sua oração. Com isso, Elias mostrou ao povo e ao rei Acabe quem era o Deus verdadeiro em Israel.

II. OS EFEITOS DA SECA

A longa seca predita pelo profeta Elias e que teve seu fiel cumprimento nos dias do rei Acabe (1Rs 17:1,2; 18:1,2) não foi obra desse profeta, e sim um ato da soberania de Deus. O pai celestial é soberano sobre toda a sua criação. Foi uma forma de disciplinar o seu povo, Israel. O Pai celestial tem diversas maneiras de disciplinar os seus filhos. No antigo Testamento, uma delas era provocando longos períodos de seca sobre a nação de Israel. As advertências sobre este método disciplinar podem ser lidas em alguns textos bíblicos:

“Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do SENHOR, teu Deus, não cuidando em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos que, hoje, te ordeno, então, virão todas estas maldições sobre ti e te alcançarão: [...] Os teus céus sobre a tua cabeça serão de bronze; e a terra debaixo de ti será de ferro. Por chuva da tua terra, o SENHOR te dará pó e cinza; dos céus, descerá sobre ti, até que sejas destruído” (Dt 28:15,23-24).

“Se eu cerrar os céus de modo que não haja chuva, ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra, ou se enviar a peste entre o meu povo; se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2Cr 7:13-14). 

A falta de chuva resultaria em crise econômica, que acabaria por tratar do orgulho, da arrogância e da idolatria nacional, que chegava a creditar sua prosperidade aos falsos deuses.

Deus sempre quis e quer dialogar com o homem, mas a persistência no pecado tem levado o ser humano a sofrer diversas consequências e pesados juízos divinos. Deus não se deixa escarnecer e tudo o que o homem semear, isto também ceifará (Gl 6:7). Em Israel, os que adoravam a Baal criam que ele era o deus que mandava chuvas e colheitas abundantes. Assim, quando Elias se colocou na presença de Acabe e disse-lhe que não choveria por vários anos, o rei ficou chocado. Baal tinha muitos sacerdotes os quais não poderiam trazer chuvas. Elias confrontou corajosamente o homem que levara seu povo ao mal, e falou-lhe de um poder muito maior do que o de qualquer deus pagão: o Senhor Deus de Israel. Quando a rebelião e as heresias estavam em seu nível mais alto no meio do povo, o Senhor não respondia somente com palavras, mas com ações severas.

Infelizmente, a seca não surtiu os efeitos desejados, além da escassez e fome. É tanto que Elias entrou numa severa depressão, a ponto de pedir para morrer. Debaixo da sombra protetora de um zimbro (um arbusto que cresce no leito seco dos rios do deserto), ele se sentia tão deprimido a ponto de desejar que sua vida logo terminasse. Na verdade, Elias, após a grande manifestação divina no monte Carmelo, esperava que Acabe exercesse sua autoridade e influência sobre Jezabel e obrigasse o povo e a casa real a servirem somente ao Senhor, mas, certamente, ele não o fez. Pelo contrário, os profetas de Aserá foram libertos e Jezabel ameaçou tirar a vida de Elias.

Durante o período da seca, o povo também não demonstrou arrependimento de sua idolatria. A seca anunciada por Elias (1Rs 17:1) havia acontecido como um desafio direto a Baal. Quanto mais tempo ela continuasse mais evidente se tornava que ele não era o grande deus que os seus seguidores acreditavam ser, e que só o Senhor era o Deus verdadeiro. Somente após a manifestação do grande poder de Deus no Monte Carmelo, quando Deus respondeu com fogo a oração de Elias, é que o povo em uníssono exclamou: “Só o Senhor é Deus! Só o Senhor é Deus!”(1Rs 18:39). E isso não durou muito tempo. Nos reinados seguintes, o povo mergulhou novamente na imoralidade, idolatria e injustiças sociais. Só parou depois que foi desterrado para sempre. Deus é amor, é longânimo, mas é justiça!

III. A PROVISÃO DIVINA NA SECA
1. Provisão pessoal. O anúncio da seca deu início ao conflito entre Deus e Baal, que atingiu o seu clímax no Monte Carmelo. Assim que a batalha foi consolidada, Elias recebeu ordens do Senhor para que se isolasse junto ao ribeiro de Queirte - provavelmente situado na região de Gileade -, durante o período da seca; ali, Deus milagrosamente proveria seu alimento através dos meios mais improváveis (1Rs 17:3,5,6).

Querite representava para Elias um momento de anonimato – depois de desafiar o rei Acabe, Elias se tornou conhecido em todo o reino, e foi procurado exaustivamente por Jezabel em diversos lugares. A obediência de Elias o preservou em segurança das mãos de Jezabel nos anos de seca, e o preparou para os próximos desafios que iria enfrentar para que o povo retornasse aos caminhos do Senhor. Esse milagroso cuidado foi muito importante para o desenvolvimento da confiança de Elias em Deus, da qual ele necessitaria para o importante confronto com as forças de Baal e Aserá no futuro.

Deus é o garantidor do cumprimento da Sua Palavra. Certamente não foi fácil para Elias acatar a ordem divina de desafiar o próprio rei, mas, ao fazê-lo, Deus, que bem sabia os riscos que o profeta passava a correr, encarregou-se de providenciar ao profeta proteção e sustento, já que o juízo divino afetaria a própria subsistência do povo.

Deus passou a sustentar o profeta que, junto a um ribeiro, onde havia água necessária à sua sobrevivência, passou a ser alimentado por corvos, que lhe traziam pão e carne pela manhã e pela noite (1Rs 17:6). Como diz o apóstolo Paulo, “…Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias, e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes, e Deus escolheu as coisas vis deste mundo e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são: para que nenhuma carne se glorie perante Ele” (1Co 1:27-29). Como poderia Elias ser alimentado por corvos, animais que são conhecidos por serem decompositores, ou seja, que se alimentam daquilo que está apodrecendo, daquilo que está se desfazendo, e num momento em que passou a haver escassez de alimentos? Como ser alimentado por um animal tão asqueroso, tão repugnante? Entretanto, como disse o Senhor, havia sido dada uma ordem aos corvos para alimentar o profeta e, ante a ordem divina, não há como haver recusa. Elias, toda manhã e toda noite, era servido pelos corvos, que, pontualmente, cumpriam a ordem do Senhor. Deus, assim, mostrava, duas vezes ao dia, ao profeta que estava no controle de todas as coisas, que toda a natureza estava sob as Suas ordens. Glórias a Deus!

Dia após dia, Elias era alimentado pelos corvos, mas a seca que anunciara já era uma realidade. Por isso, dia após dia, as águas do ribeiro de Querite iam minguando, até o momento em que o ribeiro secou. Deus continuava a agir na vida de Elias, demonstrando que tinha o controle da situação. Os corvos vinham lhe trazer comida, mas o ribeiro se secava, em cumprimento à palavra do profeta, que tudo dissera em nome do Senhor. Deus tem compromisso com a Sua Palavra (Jr 1:12) e não a invalidará, ainda que isto representasse a proteção e o sustento dos Seus servos fiéis. Deus não precisa invalidar a Sua Palavra para guardar os Seus!

Quando o ribeiro secou, Deus, então, mandou que o profeta fosse para Sarepta, cidade pertencente a Sidom, pois o Senhor havia ordenado a uma viúva que sustentasse o profeta (1Rs 17:9). Vemos, aqui, que Deus, depois de mostrar que tinha controle sobre a natureza, estava agora a mostrar ao profeta que também era o controlador da humanidade e das estruturas sociais. Além do mais, tratava-se de uma viúva e as viúvas, via de regra, eram pessoas necessitadas, que se encontram entre os mais desprovidos de recursos econômico-financeiros, que viviam da caridade pública. Entretanto, este Deus que escolhe as coisas loucas para confundir as sábias, fez com que o profeta passasse a ser sustentado, na terra de Sidom, por uma viúva miserável. Essa situação foi bastante pedagógica ao profeta. A cada instante, Elias aprendia o significado do seu próprio nome: “Javé é Deus”.

2. Provisão coletiva. Além da providência de Elias e da viúva de Sarepta, o relato bíblico mostra que Deus também trouxe a sua provisão para um grande número de pessoas. Em primeiro lugar, o texto bíblico mostra que Deus usou o próprio mordomo do rei Acabe, Obadias, para sustentar com pão e água 100 profetas (cf 1Rs 18:4). Quando Elias ia em direção a Acabe se encontrou com o mordomo do rei, Obadias, que era uma pessoa temente a Deus, o qual relatou ao profeta como havia escondido os servos do Senhor numa caverna e providenciado o seu sustento em meio à grande seca e à implacável perseguição desenvolvida por Acabe contra os servos de Deus (cf 1Rs 18:4). Ao se encontrar com Obadias, Elias fica a saber que o rei Acabe o havia procurado em todos os lugares, a demonstrar, mais uma vez, que o Senhor o havia escondido, o havia não só sustentado, mas também protegido (1Rs 18:10). Também foi cientificado de que não era o único a ter obtido a proteção e sustento da parte de Deus, que os profetas, aqueles com quem Elias tinha tanto cuidado, também haviam sido guardados, pela mão de Obadias. Este mordomo, apesar do cargo que ocupava, era um homem temente a Deus e, pela obra do Senhor, não tinha por valiosa a sua posição social (1Rs 18:3,4).

Em segundo lugar, foi o próprio Deus, no Monte Horebe, quem disse para Elias que havia guardado sete mil profetas, os remanescentes, que não havia dobrado os seus joelhos diante de Baal: “Eu fiz ficar em Israel sete mil”(1Rs 19:18). Este relato bíblico mostra-nos que Deus não só havia cuidado de Elias, como também de todos os Seus profetas, mostrando que havia absoluto controle divino sobre toda a situação.

Deus não muda e continua a guardar os Seus servos, o Seu povo em meio aos dias trabalhosos e difíceis que estamos a viver. Basta apenas que temamos a Deus e que estejamos dispostos a servi-lo e a fazer o que Ele nos manda, sem nos importarmos com as circunstâncias ou os possíveis riscos.

IV. AS LIÇÕES DEIXADAS PELA SECA
A seca em Israel nos apresenta três lições: a majestade de Deus e sua soberania; o pecado contra Deus tem um preço muito alto; e a lógica de Deus se contrapõe à lógica humana.

1. A majestade de Deus e sua Soberania. O povo de Israel, ludibriado pelos falsos profetas e pelo seu rei, acreditava que quem mandava chuvas e colheitas abundantes era o falso deus Baal. Mas, Elias confrontou corajosamente essa falsa teoria e falou à casa real que o domínio da natureza pertencia Àquele que é Onipotente, Onipresente e Onisciente – o Deus de Israel. Por isso disse, com voz firme e incisiva: “Vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou [Onipresença de Deus], que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá [Onisciência e Onipotência], senão segundo a minha palavra”(1Rs 17:1). Conforme as palavras de Jesus, foram três anos e meio de terrível seca (Lc 4:25). Aprendemos com isso que somente “Javé é Deus”, que somente o Senhor é quem opera, quando, como e onde quer.

2. O pecado tem o seu custo. A paciência de Deus nunca deve ser erroneamente interpretada como fraqueza. O pecado coletivo ou individual não ficará impune. Elias afirmou ao rei Acabe que tudo o que estava acontecendo em Israel era resultado do pecado da sua casa e do povo (1Rs 18:18). O pecado pode ser atraente e até mesmo desejável, mas tem um custo muito alto.

3. A lógica de Deus se contrapõe à lógica humana. Após dizer que haveria seca em Israel (1Rs 17:1), o profeta Elias recebeu a ordem divina de ir à Sarepta, porque ali residia uma viúva que o sustentaria(1Rs 17:8,9). O texto bíblico diz que a situação daquela mulher era tão crítica, que ela estava prestes a preparar a sua última refeição e aguardar, com o único filho, a morte. Então, por que Deus enviou o profeta à viúva de Sarepta, que estava vivendo um momento de dificuldade e escassez muito maior que a experimentada por ele? A lógica de Deus se contrapõe à lógica humana. Deus não pensa como o homem, não considera as saídas e soluções que imaginamos, nem se prende ao que vemos e supomos ser o melhor para nós nas situações pelas quais passamos. Está escrito: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor”(Is 55:8). Quando, em meio a uma gigantesca necessidade, Deus nos coloca diante de alguém com uma necessidade maior ainda e afirma que de tal pessoa virá a ajuda, é porque o milagre está sendo preparado, o milagre da dependência total do Senhor.

CONCLUSÃO

Foi somente após a restauração do altar do Senhor no Monte Carmelo e o reconhecimento do povo que “Só o Senhor é Deus” (1Rs 18:39), que a seca secou. Essa confissão deixava bem claro que eles haviam decidido em favor de Deus e contra Baal. Foi no Carmelo que o povo viu o fracasso do falso (1Rs 18:25-29) e o triunfo da verdade (1Rs 18:30-40). A restauração do altar significava que a religião de Deus seria novamente instalada. As doze pedras que fala o texto sagrado (1Rs 18:31), as quais simbolizavam as doze tribos de Israel, foram colocadas no altar com a finalidade de retratar o desejo de Deus pela unidade entre as tribos.

A mensagem de Elias a Acabe: “Sobe, come e bebe” (1Rs 18:41), indicava que a ansiedade e o temor experimentados durante o longo período de seca logo seriam substituídos pela alegria, pelo fato de que a calamidade finalmente chegara ao fim. E a chuva começou a cair logo depois da oração de Elias. Primeiro apareceu uma pequena nuvem sobre o mar na linha do horizonte. Depois, formou-se a tempestade e finalmente caiu uma chuva abundante(1Rs 18:43-45). Elias fez o povo entender que era o Deus de Israel, e não Baal, quem enviava a chuva e terminava com a terrível seca (1Rs 18:41-46). Isso mostra claramente quem estava e está no controle de todo o reino da Natureza. Portanto, “Só o Senhor é Deus!”. Aleluia!!


Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão – nº 53 – CPAD.
A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.
Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.
Poção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.


sábado, 5 de janeiro de 2013

10 dicas para um feliz 2013


Não sou escritor ou palestrante do segmento autoajuda. Mas penso que Deus, por sua infinita graça, tem oferecido ajuda do alto a algumas pessoas através dos meus singelos textos. Neste artigo apresento aos meus queridos leitores pequenas dicas para um feliz Ano Novo.

1. Seja otimista. 
Quem tem certeza absoluta de que Deus está no controle de sua vida não deve ser pessimista. Se for aprovado em um concurso, glória a Deus. Se não passar, louve ao Senhor e espere outra oportunidade. Se for demitido, seja grato a Deus por isso, também. Não desanime nunca. E faça a sua parte, preparando-se para novas portas que, certamente, se lhe abrirão.

2. Comece o dia em comunhão com o Criador. 
Louve a Deus, ao acordar. Abra a janela do seu quarto, olhe para o céu, para a natureza, ouça o canto dos pássaros. Dirija seu veículo cantando louvores. Atravesse a rua dando glórias àquEle que dirige os seus passos. Louve ao Senhor Jesus pelo dom da vida!

3. Seja altruísta. 
Faça um esforço para pensar nas dificuldades do próximo. Seja paciente no trânsito, dirija devagar, respeite o pedestre. Esvazie-se da brutalidade que diariamente quer brotar dentro de você. Não se deixe influenciar pelo egoísmo prevalecente no mundo sem Deus. Faça o bem às pessoas à sua volta.

4. Não queira "levar vantagem". 
Se você não é idoso ou deficiente físico, não use a vaga destinada a essas pessoas. Não "fure" fila. Não compre produto "pirata". Seja honesto, ainda que não receba nada em troca, aparentemente; ainda que você seja o único a fazer o que é correto. Deus o recompensará.

5. Pare de murmurar. 
Ah, como é difícil conviver com pessoas que reclamam de tudo e de todos! Se chove, não está bom. Se faz frio, também está ruim. Se faz calor, então... Experimente ver o lado bom de todas as coisas. Nenhum lugar do mundo é perfeito. Por isso, precisamos extrair o que é bom por onde passamos.

6. Seja grato a Deus. 
Se chegamos ao fim de 2012, mesmo com lutas e sofrimento, foi graças a Ele. Agradeça ao Senhor, ao levantar-se da cama, antes das refeições, ao sair de casa, antes de dormir, etc. Lembre-se da graça de Cristo, a cada dia. Ele lhe deu a maior bênção, dentre todas, a certeza da vida eterna.

7. Tenha senso de humor. 
Você não precisa ser mal-humorado para demonstrar que é santo. Rir no momento certo faz bem. Fazem parte da vida o rir e o chorar. Por que viver chorando pelos cantos? Levante a sua cabeça! A vida segue.

8. Passe menos tempo nas redes sociais. 
Dedique mais tempo à sua família. Use a Internet para crescer em conhecimento. Não navegue a esmo. Forme a sua coletânea de bons sites e blogs. Mesmo nas redes sociais, seja seletivo. Não perca tempo com efemeridades.

9. Compartilhe o amor de Deus. 
O verdadeiro Evangelho muda o mundo e a vida das pessoas. Evangelize seus parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, etc. Partilhe com eles os preciosos ensinamentos do Senhor Jesus.

10. Tenha contato diário com a Bíblia Sagrada. 
Você já leu a Bíblia toda? Se sim, faça isso de novo. Experiente lê-la em outros idiomas. Dedique tempo ao estudo sistemático da Palavra de Deus. Isso, com certeza, tornará a sua vida melhor em 2013.
Ciro Sanches Zibordi
Por Wilmar Antunes.

Aula 01 – A APOSTASIA NO REINO DE ISRAEL


1º Trimestre_2013

Texto Básico: 1Reis 16:29-34

“E sucedeu que (como se fora coisa leve andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate), ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e se encurvou diante dele” (1Rs 16:31).

INTRODUÇÃO

Nesta Aula inaugural trataremos, conforme os tópicos propostos pelo comentarista do trimestre, acerca da apostasia no reino de Israel à época do rei Acabe. Sabe-se que a história da apostasia nesse reino começo na época de Jeroboão I, filho de Nebate, logo em seguida à cisão da nação de Israel(doze tribos) em duas partes: reino de Judá (reino do Sul – duas tribos: Judá e Benjamim) e reino de Israel (reino do Norte – 10 tribos). Mas, o período mais crítico e perigoso para Israel(reino do norte) ocorreu no reinado de Acabe, filho de Onri(fundador de Samaria). Nessa época, o culto ao Deus verdadeiro foi substituído pela adoração ao deus falso Baal, trazendo como consequências uma apostasia sem precedentes e pondo em risco a identidade nacional e espiritual do povo de Deus, com o banimento do verdadeiro culto a Jeová. A perseguição àqueles que se opuseram à idolatria de Acabe e Jezabel foi ferrenha. Foi tão ferrenha que Elias pensou que só ele escapara da morte. Mas, quando achava que somente ele havia permanecido fiel a Deus, foi surpreendido com a notícia de que ainda havia sete mil que não haviam dobrado seus joelhos a Baal (1Rs 19:14,18).

A apostasia é obra do maligno, e como tudo que é obra do maligno começa de forma sorrateira, quase que imperceptível, dentro de uma ou outra atitude que, embora seja contrária à Palavra de Deus, é tida como aceitável e plenamente justificável. A apostasia é, sobretudo, um fenômeno interno, um ato de rebeldia que vem do profundo do ser humano e que, por isso, não é perceptível à primeira vista. Como nos diz o Senhor por boca do profeta Ezequiel, o primeiro sinal da apostasia é interno, pois se trata de “levantar ídolos no coração” (Ez 14:3,4). É algo que não é percebido pelo homem, já que só Deus conhece o coração do homem (1Sm 16:7).

I. APOSTASIA

1. O que é apostasia.Apostasia deriva-se da expressão grega “apostásis”,que significa afastamento. Com relação à fé cristã, apostasia significa abandonar a fé cristã de forma consciente e premeditada. Então, para que haja apostasia é necessário que a pessoa tenha experimentado o novo nascimento, ou seja, que tenha certeza de sua salvação e aí, de forma consciente e deliberada, abandona a fé e passa a negar toda verdade por ela experimentada. Ninguém pode abandonar aquilo que nunca teve. Para que haja apostasia é necessário o abandono consciente e premeditado da fé.

No Antigo Testamento a apostasia era considerada adultério espiritual. Israel era chamado de “esposa de Jeová”. Sempre que Israel seguia a outros deuses, ou se curvava diante de ídolos, era acusado de apostasia. Esta foi, inclusive, a causa principal do cativeiro babilônico.

Satanás, aquele “querubim ungido”, descrito em Ezequiel 28:13-17 e Isaias 14:12-15, tinha plena consciência e premeditou sua rebelião contra Deus. Ele não é apenas um apóstata, é também o pai da apostasia.

O pecado da Apostasia, normalmente, resulta como consequência da prática continuada de outros pecados. Foi assim com o Rei Saul, foi assim com Judas, foi, também assim, com Israel, no deserto, quando de sua jornada rumo à Canaã. O Senhor Deus não abandonou Israel no primeiro pecado de murmuração, na primeira rebeldia ou no primeiro pecado de idolatria. Mas, a prática continuada destes pecados resultou em juízo divino contra Israel.

Israel conhecia Deus e tinha experiência com Ele. Esta é uma condição básica para que alguém possa conhecer o pecado da Apostasia. O apóstata tem que tomar sua decisão de forma consciente e premeditada. Apesar de tudo que Israel viu Deus fazer no Egito e em dois anos no deserto, mesmo assim Israel persistiu sendo rebelde, desobediente, duro de coração, incrédulo. Assim, em Cades Barnéia, no deserto de Parã, o cálice da ira de Deus se encheu, diante de mais uma provocação – “E disse Deus a Moisés: até quando me provocará este povo? E até quando me não crerão por todos os sinais que fiz no meu deles? Com pestilência o ferirei, e o rejeitarei...”. Agora, não havia mais a possibilidade de um acordo.A apostasia estava consumada!

Assim, baseado no que aconteceu com Israel, que, pela prática do pecado continuado, sem arrependimento real e sincero, acabou praticando o pecado da apostasia, também estamos sujeitos a cometer aquele mesmo erro. Este é um risco que corre o crente desviado, e todos aqueles que têm um pé no mundo e outro na igreja. Está escrito: “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz será quebrantado de repente sem que haja cura” (Pv 29:1).

2. Apostasia no reino de Israel. As palavras: “tu e a casa de teu pai” (1Rs 18:18), não apenas denunciam a apostasia instaurada no reino do norte, mas também revelam que ela possuía uma tradição histórica. Muitos anos antes dos ministérios proféticos de Elias e Eliseu, Israel havia alcançado a estrutura de uma grande nação com o reinado de Davi (1024-965 a.C). Davi foi um grande estadista e graças à sua piedade religiosa e sua extraordinária capacidade político administrativa, conseguiu unificar o fragilizado estado hebreu. Nos dias de Davi, portanto, havia uma só terra, um só povo, um só Deus, um só Templo e uma só Lei.

Após o reinado de Davi, reinou em Israel, ainda unificado, o seu filho Salomão. Foi neste reinado que a apostasia fincou raízes; que cresceu durante o reinado de Jeroboão (reino do Norte – 10 tribos), e que se generalizou superlativamente no reinado de Acabe. É exatamente durante o reinado de Acabe que a apostasia ameaça suplantar totalmente a adoração ao Deus verdadeiro e é nesse período que surge Elias, um dos maiores profetas da história bíblica. Os estudiosos estão de acordo em dizer que pela primeira vez a verdadeira fé no Deus vivo corria real perigo.

Desde a morte de Jeroboão até o aparecimento de Elias perante Acabe, o povo de Israel experimentou grande declínio espiritual. Governado por homens que não temiam a Jeová e que encorajavam formas estranhas de culto, a maioria das pessoas rapidamente perdeu de vista seu dever de servir ao Deus vivo, e adotou muitas das práticas da idolatria.

Nadabe, filho de Jeroboão, ocupou o trono de Israel apenas por alguns meses. Sua carreira maléfica foi subitamente interrompida por uma conspiração encabeçada por Baasa, um de seus generais, para obter o controle do governo. Nadabe foi morto, com toda a sua descendência na linhagem da sucessão, “conforme a palavra do Senhor que dissera pelo ministério de seu servo Aías, o silonita; por causa dos pecados de Jeroboão, o qual pecou, e fez pecar a Israel”(1Rs 15:29,30). Assim pereceu a casa de Jeroboão. O culto idólatra introduzido por ele tinha levado sobre os culpados ofensores os juízos retributivos do Céu; e a despeito disso, os reis que se seguiram – Baasa, Elá, Zinri e Onri – durante o período de aproximadamente quarenta anos, continuaram no mesmo curso fatal de perversidade.

Durante a maior parte deste período de apostasia em Israel, o rei Asa reinava no reino de Judá. No início de seu reinado, Asa confiou no Senhor e ele foi vitorioso em vários conflitos. Todavia, o longo relato do fiel serviço de Asa foi mareado por alguns erros, cometidos nas vezes em que ele deixou de pôr sua confiança inteiramente em Deus.

Dois anos antes da morte de Asa, Acabe começou a reinar em Israel. Seu reinado foi marcado desde o início por uma estranha e terrível apostasia. Seu pai, Onri, o fundador de Samaria, tinha feito “o que parecia mal aos olhos do Senhor; e fez pior do que todos quantos foram antes dele” (1Rs 16:25); mas, os pecados de Acabe foram ainda maiores. Ele “fez muito mais para irritar o Senhor Deus de Israel do que todos os reis de Israel que foram antes dele”, agindo “como se fora coisa leve andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate” (1Rs 16:33,31). Não contente com encorajar as formas de adoração seguidas em Betel e Dã, ousadamente levou o povo a grosseiro paganismo, substituindo o culto de Jeová pelo de Baal.

Tomando por esposa a Jezabel, “filha de Etbaal, rei dos sidônios”, e sumo sacerdote de Baal, Acabe “serviu a Baal, e se encurvou diante dele. E levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria” (1Rs 16:31,32).

Acabe não somente introduziu o culto de Baal na metrópole do reino, mas sob a liderança de Jezabel construiu altares pagãos em muitos “lugares altos”, onde ao abrigo de bosques circundantes os sacerdotes e outros relacionados com esta sedutora forma de idolatria exerciam sua danosa influência, até que quase todo o Israel estava indo após Baal. “Ninguém fora como Acabe, que se vendera para fazer o que era mau aos olhos do Senhor; porque Jezabel, sua mulher, o incitava. E fez grandes abominações, seguindo os ídolos, conforme a tudo o que fizeram os amorreus, aos quais o Senhor lançou fora da sua possessão, de diante dos filhos de Israel” (1Rs 21:25,26).

Acabe era fraco em capacidade moral. Sua união por casamento com uma mulher idólatra de caráter decidido e temperamento definido, resultou em desastre tanto para ele como para a nação. Destituído de princípio, e sem nenhuma alta norma de reto proceder, seu caráter foi facilmente modelado pelo espírito determinado de Jezabel. Sua natureza egoísta era incapaz de apreciar as bênçãos de Deus a Israel e seus próprios deveres como guardião e líder do povo escolhido.

Sob a danosa influência do reinado de Acabe, Israel afastou-se do Deus vivo, e corrompeu seus caminhos perante Ele. Por muitos anos tinham estado a perder o senso de reverência e piedoso temor; e agora parecia não haver ninguém que ousasse expor a vida colocando-se abertamente em oposição à predominante blasfêmia. A escura sombra da apostasia cobria toda a terra. Imagens de Baal e Astarote estavam em todo lugar para serem vistas. Templos idólatras e bosques consagrados em que se adoravam as obras das mãos dos homens foram multiplicados. O ar estava poluído com o fumo dos sacrifícios oferecidos aos falsos deuses. Montes e vales ressoavam com o perturbado clamor de um sacerdócio pagão que sacrificava ao Sol, à Lua e às estrelas.

Pela influência de Jezabel e de seus ímpios sacerdotes, o povo fora ensinado que os ídolos que haviam sido erguidos eram divindades que regiam por seu místico poder os elementos da terra, fogo e água. Todas as dádivas do Céu – os riachos, as fontes de águas vivas, o suave orvalho, os chuveiros de águas que refrigeravam a terra e faziam que os campos produzissem com abundância – eram atribuídos ao favor de Baal e Astarote, em vez de ao Doador de toda boa dádiva e todo dom perfeito. O povo esqueceu-se de que montes e vales, rios e fontes, estão nas mãos do Deus vivo; que Ele controlava o Sol, as nuvens do céu e todos os poderes da Natureza.

Por intermédio de fiéis mensageiros, o Senhor enviou repetidas advertências ao rei apóstata e ao povo; mas vãs foram essas palavras de reprovação. Em vão os inspirados mensageiros sustentaram o direito de ser Jeová o único Deus em Israel; em vão exaltaram as leis que Ele lhes havia confiado.

Seduzidos pela suntuosa exibição e os fascinantes ritos da idolatria, o povo seguia o exemplo do rei Acabe e sua corte, e se entregava aos intoxicantes e degradantes prazeres de um culto sensual. Em sua cega loucura, preferiram rejeitar a Deus e Seu culto. A luz que lhes fora tão graciosamente concedida tornara-se em trevas.

Nunca dantes o povo escolhido de Deus caíra tão baixo na apostasia. Havia “quatrocentos e cinquenta” “profetas de Baal”, além de “quatrocentos profetas de Asera” (1Rs 18:19). Nada menos que o milagroso poder operador de Deus poderia preservar a nação de destruição total. Voluntariamente, Israel havia-se separado de Jeová; todavia, o Senhor por compaixão ainda amava aqueles que haviam sido levados ao pecado, e estava prestes a enviar-lhes um de Seus mais poderosos profetas, Elias, por cujo intermédio poderiam ser levados de volta à fidelidade ao Deus de seus pais.

II. AS CAUSAS DA APOSTASIA

1. Casamento misto. O casamento misto é um instrumento poderosíssimo na mão do inimigo para retirar a identidade do povo de Deus, para impedir a sua continuidade. Os casamentos mistos foram o fator principal da apostasia religiosa de Israel. Salomão e Acabe são exemplos tristes desse fato.

Acabe era um israelita, mas não se preocupou em obedecer a lei de Deus no tocante ao casamento, e casou com uma mulher maligna, Jezabel. Esta mulher era oriunda da cidade de Tiro onde seu pai fora “sumo sacerdote” e rei (1Rs 16:31). Ela adorava Baal (Baal significa “senhor” ou “marido”. Era um deus da tempestade, uma divindade dominante da religião Cananéia. Segundo os seus adoradores, ele era considerado providencial por enviar chuvas e fertilidade à terra, semeando a vida).

Provavelmente, Onri arranjou o casamento entre seu filho Acabe e Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios. Foi sem dúvida, um casamento que selou o acordo entre os dois países. Embora as implicações políticas tenham sido omitidas do registro bíblico, o programa religioso que Jezabel promoveu pode muito bem ter sido parte desse acordo.

Certamente, o casamento de Acabe foi realizado sob um profundo desrespeito às determinações de Deus contra tais casamentos mistos. A desconsideração de Onri e de Acabe ao mandamento divino levou a uma total rebelião contra os outros mandamentos. A fim de agradar a sua esposa idólatra, Acabe construiu um templo e um altar para o falso deus Baal (1Rs 16:32), que foi ocupado pelas centenas de sacerdotes de Jezabel (1Rs 18:19); promoveu deste modo a idolatria e levou toda a nação de Israel ao pecado. Ele construiu uma espécie de símbolo de Aserá, uma indicação de que o degradante culto à fertilidade estava instalado em Samaria. De certo modo, ele aparentemente tentou permanecer fiel a Deus (1Rs 21:27-29), mas a adoração a Baal era a sua verdadeira religião. Um casamento fora da vontade de Deus pode nos conduzir para longe dEle.

Não tenha dúvida, o casamento misto é uma declarada desobediência ao mandamento de Deus (Ml 2:11). Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento não encontramos amparo para o casamento misto. Ele não é a vontade de Deus para o Seu povo (Dt 7:3,4; 2Co 6:14-17).

2. Institucionalização da idolatria. Após a divisão do reino de Israel (945 a.C.) - em Judá (reino do sul) e Israel (reino do norte) -, Jeroboão é aclamado rei em Israel. Esse rei entendeu que seu povo poderia ir a Judá para adorar ao Deus único e verdadeiro, Jeová, e voltar-se contra ele e até o matar. O rei então, ergue altares de adoração em lugares importantes em Israel, constrói dois bezerros para que o povo adorasse, um em Dã e o outro em Betel (1Rs 12:26-31). Israel então mergulha na idolatria e se afasta do Senhor por meio de um rei mau que permaneceu por 22 anos no seu reinado. Outros reis vieram após Jeroboão e deram prosseguimento a idolatria em Israel. Um desses reis foi o ímpio Acabe. Ele surgiu pouco mais de 50 anos depois Jeroboão. Diz o texto sagrado que ele não só cometeu os pecados de Jeroboão, como também casou-se com Jezabel e instituiu o culto a Baal (1Rs 18:18), tornando essa adoração como religião oficial em Israel. Era como se o Deus de Israel passasse a ser Baal e não Jeová. Sua mulher por outro lado matava os profetas de Deus (1Rs 18:13).

O Senhor, porém, reage contra a idolatria de seu povo, e prediz grande seca em Israel, através de Elias (1Rs 17), numa época em que o povo vivia um dos piores momentos de sua história, um povo eleito que conhecia os grandes feitos do Senhor, mas estava mais uma vez entregue ao pecado da idolatria.

O que levava aquele povo a se afastar tão facilmente do Senhor e seguir a outros deuses? Por que a idolatria era tão fascinante aos israelitas?

a) Porque as nações ao redor de Israel criam que a adoração a vários deuses era superior à adoração a um único Deus, ou seja, quanto mais deuses melhor. O povo de Deus sofria influência dessas nações e constantemente as imitava, ao invés de obedecer ao mandamento de Deus no sentido de se manter santo e separado delas.

b) Porque os deuses das nações vizinhas a Israel não exigiam nenhum tipo de obediência a padrões morais, como o Deus de Israel. Por exemplo, muitas das religiões pagãs incluíam imoralidade sexual religiosa no seu culto, tendo para isso prostitutas cultuais. Essa prática sem dúvida atraia muitos israelitas. Deus, por sua vez, exigia padrões morais para o seu povo, vida de consagração, adoração com reverência.

c) Porque acreditavam que os deuses da fertilidade prometiam o nascimento de filhos; os deuses do tempo (sol, lua, chuva etc.) prometiam as condições apropriadas para colheitas abundantes e os deuses da guerra prometiam proteção dos inimigos e a vitória nas batalhas. A promessa de tais benefícios fascinava os israelitas; daí, muitos se dispunham a servir aos ídolos, ou seja, aos demônios(cf Dt 32:17).

A Bíblia deixa claro que por trás de toda idolatria, há demônios, que são seres sobrenaturais controlados pelo diabo. Tanto Moisés quanto o salmista associam os falsos deuses com demônios. Veja: "Sacrifícios ofereceram aos diabos, não a Deus; aos deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos quais não se estremeceram seus pais”(Dt 32:17); "E serviram os seus ídolos, que vieram a ser-lhes um laço. Demais disto, sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demônios” (Sl 106:36-37 ).

O grande pecado de Israel em toda a sua história, desde o Egito, foi a idolatria. Mas será que nós, como igreja de Deus, estamos isentos de tal abominação? Algumas vezes, talvez nos falte o entendimento e o discernimento espiritual das coisas espirituais. Satanás tem semeado no meio do povo de Deus, muitas vezes, de uma forma sutil e discreta o principio da idolatria. Há grande semelhança entre os dias de hoje e os dias de Elias. Entre os homens de hoje e os daquela época, ou entre a igreja de hoje e o povo de Israel, as atitudes dos homens quase sempre são as mesmas. Nossas fraquezas, necessidades e desejos, que nos levam ao pecado, são os mesmos.

Idolatria não é somente adorar a imagens de escultura, mas é tudo aquilo que toma o lugar de Deus em nossa vida; é aquilo que amamos, nos dedicamos, entregamos toda a nossa atenção, intenção e tempo, em detrimento da presença de Deus em nossa vida; é aquilo que rouba a nossa adoração e comunhão com Ele. Muitas vezes, o trabalho, a faculdade, prazeres, propósitos de vida, filhos, enfim, tudo isto é bênção do Senhor, mas não podem ocupar o lugar do Senhor em nossa vida, não podem roubar a nossa adoração e o nosso tempo com Deus. Ele precisa estar no centro, mas quando todos esses fatores de nossa vida estão cheios da nossa atenção, dedicação e tempo, de maneira que não há mais tempo para orar, não há mais tempo para adorar e relacionar-se com o Pai, e ouvir a sua voz através da sua Palavra - e o problema maior é que perdemos a sensibilidade espiritual e passamos a viver assim -, então há ídolos na nossa vida.

Para muitos a religião é um grande ídolo, ao invés de aproximá-lo de Deus o distancia. Seus conceitos e doutrinas tornam-se mais importantes que o próprio Deus, como aquelas religiões que Jesus condenou por não reconhecerem que ele era o Messias. Essa é uma situação que nos cega e nos leva a viver distante da vida que o Senhor tem para todos nós. Pense nisso!

III. OS AGENTES DA APOSTASIA

1. Acabe. Acabe foi o oitavo rei de Israel. Foi um líder e estrategista militar de grande capacidade. Todavia, foi o rei mais ímpio de Israel – “E fez Acabe, filho de Onri, o que era mal aos olhos do SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele. E sucedeu que (como se fora coisa leve andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate), ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e se encurvou diante dele. E levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria. Também Acabe fez um bosque, de maneira que Acabe fez muito mais para irritar ao SENHOR, Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele”(1Rs 16:30-33).

Os reis de Israel e de Judá, tanto os bons como os maus, tiveram profetas enviados pelo Senhor para aconselhá-los, confrontá-los e ajudá-los. O rei Davi teve um amigo fiel, Natã, um homem de Deus. Acabe poderia ter tido em Elias um conselheiro. Mas enquanto o primeiro escutou Natã e estava disposto a se arrepender de seus pecados, o segundo viu Elias como seu inimigo. Por quê? Pelo fato de que Elias sempre lhe trazia más notícias, e ele se recusou a reconhecer que havia sido a sua própria desobediência constante a Deus e a persistente adoração aos ídolos, não as profecias de Elias, que trouxeram o mal à sua nação. Acabe culpou Elias por trazer profecias de juízo em vez de aceitar seu conselho e mudar seus maus caminhos.

Acabe não estava disposto a tomar atitudes corretas. Além do mais, era casado com uma mulher ímpia que o impeliu à adoração aos ídolos; era um homem infantil que se remoia por vários dias caso a sua vontade não fosse feita; aceitava os conselhos de sua esposa má, escutava somente os “profetas” que lhe davam boas notícias e cercava-se de pessoas que o encorajavam a fazer o que bem quisesse. Mas, o valor do conselho não pode ser julgado pelo número de pessoas a favor ou contra. Acabe constantemente escolheu seguir a opinião da maioria daqueles que o cercavam, e isto o levou à morte.

Pode parecer agradável ter alguém que nos encoraje a fazer qualquer coisa que quisermos, porque é difícil aceitar o conselho que é contrário aos nossos desejos. Porém, as nossas decisões devem ser baseadas na qualidade de conselho, não em sua atratividade ou na opinião da maioria de nossos companheiros. Deus nos encoraja a seguir as orientações de conselheiros sábios, mas como podemos testar o conselho que recebemos? A orientação que concorda com os princípios contidos na Palavra de Deus é confiável. Devemos sempre separar o conselho dos nossos próprios desejos, da opinião da maioria, ou de qualquer coisa que pareça melhor em nossa perspectiva limitada, e pesá-lo à luz dos mandamentos de Deus. Ele nunca nos levará a fazer o que proibiu em sua Palavra – mesmo em relação aos princípios. Diferentemente de Acabe, devemos confiar nos conselheiros retos e ter a coragem de nos posicionar contra aqueles que desejam que façamos o contrário. (fonte: Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal).

2. Jezabel. A história de Jezabel encontra-se em 1Reis 16:31 a 2Reis 9:37. Seu nome é usado como um sinônimo para a grande iniquidade em Apocalipse 2:20. Ela eliminou sistematicamente os representantes de Deus em Israel. Promoveu e patrocinou a adoração a Baal. Esposa de Acabe, ocupa o lugar de esposa mais ímpia na Bíblia. A Palavra de Deus até usa seu nome como um exemplo das pessoas que rejeitam completamente o Senhor (AP 2:20,21).

Muitas mulheres pagãs casaram-se em Israel sem reconhecer o Deus que seus maridos adoravam. Estas trouxeram consigo as suas religiões. Mas nenhuma foi tão determinada quanto Jezabel para fazer com que todo os Israel adorasse os seus deuses. Para o profeta Elias, ela parecia ter tido sucesso. Ele sentiu que era o único ainda fiel a Deus até que o Senhor lhe disse que ainda existiam sete mil que não haviam se apostatado da fé. Um “sucesso” notável de Jezabel foi contribuir para a causa da queda final de Israel – a idolatria. Deus castigou as dez tribos do norte por sua idolatria e fez com que fossem levadas para o exílio.

Jezabel detinha grande poder. Ela não só controlava seu marido, Acabe, mas tinha também 850 sacerdotes pagãos sob seu controle. Estava comprometida com o seus deuses e a conseguir o que desejava. Acreditava que o rei tinha o direito de possuir qualquer coisa que quisesse. Quando Nabote se recusou a vender a sua vinha a Acabe, Jezabel cruelmente mandou matá-lo e tomou a posse da terra. O plano dela para eliminar a adoração a Deus em Israel levou a dolorosas consequências. Antes de morrer, sofreu a perda de seu marido em combate e seu filho nas mãos de Jeú, que tomou o trono à força. Ela faleceu da mesma maneira hostil e desdenhosa como viveu.

Quando vemos Jezabel e Elias, precisamos admirar a força do comprometimento de cada um. A grande diferença era com quem estavam comprometidos. Ela, consigo mesma e com seus falsos deuses; ele, com o único Deus verdadeiro. No final, o Senhor provou que Elias estava certo.

Com o que ou com quem você está mais comprometido? Como Deus avaliaria o seu comportamento? (fonte: Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal).
IV. AS CONSEQUENCIAS DA APOSTASIA

1. A perda da identidade nacional e espiritual. A identidade dessa nação como povo escolhido é algo bem definido nas Escrituras Sagradas. Desde a sua criação como nação eleita, Israel foi identificado como povo de Deus (Ex 19:5). Todavia, nos dias do rei Acabe Israel teve sua identidade nacional e espiritual ameaçada. A idolatria era a causa principal. A idolatria é infidelidade a Deus. É rompimento da aliança. É quebra dos votos de fidelidade. É uma torpeza.

O povo da aliança havia abandonado o Deus vivo, criador, provedor e redentor, para se curvar diante dos ídolos pagãos. A nação de Israel era culpada de adorar aos deuses das nações pagãs a seu redor, especialmente o deus cananeu da chuva, Baal. Sempre que havia uma seca ou fome, em vez de se voltarem para o Senhor, os israelitas buscavam a ajuda de Baal (1Rs 18:19). A adoração pagã envolvia ritos sensuais de fertilidade, e para isso havia prostitutos cultuais de ambos os sexos.

A idolatria era sinônimo de prostituição tanto no sentido literal quanto no simbólico. Israel havia rompido sua aliança com Deus, quebrara seus votos de fidelidade, indo após outros deuses e se prostituindo com eles.

A idolatria de Israel era como a infidelidade conjugal. O “adultério” rompeu o laço de “casamento” de Israel com o Senhor e impossibilitou uma comunhão mútua. A idolatria anuída e supervisionada pelo casal real, Acabe e Jezabel, quase levou Israel à perda de usa identidade nacional e espiritual. Mas, Deus tinha preservado um remanescente fiel. Elias quando achava que somente ele havia permanecido fiel a Deus, foi surpreendido com a notícia de que ainda havia sete mil que não haviam dobrado seus joelhos a Baal (1Rs 19:14,18).

2. O julgamento divino. Uma religião que se desvia da verdade não agrada a Deus, ao contrário, está sob Seu juízo.

Deus ama o seu povo. Ele não desejava que Isael perdesse sua identidade espiritual e nacional. Desta feita, manda o seu profeta, Elias, para confrontar a família real idólatra e os seus seguidores. Neste contexto de degradação moral e espiritual, Elias foi o profeta extremamente necessário para o conflito entre a verdadeira religião, com seus padrões de uma vida virtuosa, e o culto a Baal com sua ênfase na devassidão. A época do profeta Elias exigia não só um grande espírito de coragem e ousadia como também de realizações maiúsculas. Deus manifestou o seu supremo poder e juízo através deste profeta em acontecimentos milagrosos que ocorreram um após o outro, a fim de derrotar as forças de Baal e deAserá. Esse relato no faz lembrar a forma como o Senhor revelou o seu supremo poder nas pragas contra o Faraó e os deuses do Egito na época de Moisés.

Elias, na qualidade de mensageiro de Deus, pronunciou uma palavra de juízo da parte do Senhor contra a nação rebelde de Israel. Deus ia reter a chuva durante três anos e meio (cf 1Rs 17:1; Tg 5:17). Esse juízo humilhava Baal, pois seus adoradores criam que ele controlava a chuva e que era responsável pela abundancia nas colheitas.

O anúncio da seca deu início ao conflito entre Deus e Baal, que atingiu o seu clímax no Monte Carmelo. Assim que a batalha foi consolidada, Elias recebeu ordens do Senhor para se isolar no deserto durante o período da seca, e Deus milagrosamente proveu seu alimento através dos meios mais improváveis.

CONCLUSÃO

O caminho da apostasia é resultado da multiplicação da iniquidade (Mt 24:12). Em períodos de crise espiritual, onde a maldade se dissemina com muito maior facilidade, é maior o perigo da apostasia, em especial, num mundo como o de nossos dias, onde o desenvolvimento tecnológico permite a ampla divulgação, em tempo real, de toda e qualquer informação, ideia ou pensamento. Os dias finais da dispensação da graça são dias em que haverá multiplicação da ciência (Dn 12:4), mas a ciência será, quase sempre, dirigida para o aumento do pecado e da maldade entre os homens. Diante de uma atitude desta, muitos sofrerão grandemente por se manterem fiéis à Palavra de Deus, sendo considerados retrógrados, atrasados e, não raras vezes, mantidos sob severa censura, reprovação e incompreensão por parte dos homens. Muitos não suportarão esta pressão e serão levados a tomar a forma do mundo, a aceitar viver de acordo com os princípios depravados hoje vigentes e seguidos pelos ímpios, o que fará com que se inicie o caminho rumo à apostasia. Estejamos, pois, alertas! Devemos sempre estar firmes na Palavra do Senhor e não cedermos um milímetro sequer do que nos mandam as Escrituras Sagradas.



Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão – nº 53 – CPAD.
A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.
Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.
Poção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.