sexta-feira, 20 de abril de 2012

Universal explora ala evangélica de presídio e acharca presos com dízimos compulsórios e primícias de 40% sobre os mantimentos dos presos


Pastores da Universal (sendo alguns destes, eles próprios, presidiários) lideram esquema de corrupção e exploração de presos e seus familiares. A extorção por pastores da IURD  acontece dentro e fora dos presídios.

Dízimos semanais compulsórios, tortura de presos, extorção de familiares, retenção de suprimentos dos presos, corrupção de servidores públicos e alguns outros crimes atribuidos a Universal na criação de uma mafia dentro de presídios do Mato Grosso.




 Mais uma vez a Universal mostra que se supera na bandidagem e, já preparando o seu reinado no sistema penitenciário, destino certo de todos os seus líderes fiéis, estabeleceu em penitenciárias e centros de detenção do Mato Grosso o programa piloto de seu futuro plano de negócios principal – misto de moradia pré-inferno.

Segundo o portal G1 O Ministério Público de Mato Grosso (MPE) investiga a denúncia de que presos e familiares da ala evangélica do Centro de Ressocialização de Cuiabá, o presídio do Carumbé, são obrigados a pagar dízimo a detentos para não sofrer represálias. O órgão analisa o material apreendido na última sexta-feira (13), em cumprimento de mandado de busca e apreensão.

Segundo a mãe de um dos detentos que não quis se identificar, o pagamento do dízimo é feito semanalmente. “Eles são obrigados a pagar dízimo todo domingo. O quanto a gente levar tem que dividir com eles”, ressalta a mulher. O dízimo, de acordo com ela, é pago para que o filho permaneça na ala evangélica da unidade prisional, e a arrecadação seria feita por representantes de uma igreja. “Lá dentro são os pastores mesmo. Lá dentro tem os presos que são pastores, que ficam responsáveis em arrecadar [dinheiro] de quem é aqui de fora”.

A mulher, que prefere não se identificar, denuncia que quem não paga sofre consequências pesadas. “O preso fica sofrendo represália lá dentro, humilhado, forçado a fazer coisas. Provocam o preso para a briga, tudo isso lá dentro. Inclusive perigoso sair morte, porque é cada um por si. Quem tem parente lá dentro é assim, tem que ficar rezando para não acontecer nada”, ressaltou. 

Pastores da IURD cobravam primicias de 40% sobre alimentos que depois eram vendidos aos próprios presos ou no comércio local em esquema que reunia pastores dentro e fora do sistema carcerário.


40% dos mantimentos levados aos presos Eram retidos pelos “pastores” da igreja e depois vendidos. Para a mãe de um dos presos, não existe vantagem do filho estar na ala evangélica da unidade. “Eu não vejo nada de bom lá dentro, tudo bem, lê a bíblia, mas e o resto que eles fazem é tudo errado. Extorquindo as pessoas, maltratando as pessoas, isso não é de Deus. Tudo bem que é de acordo pagar o dízimo, uma vez por mês, mas não uma vez por semana”, enfatizou.

Ainda de acordo com a mulher, se ela levar roupas, produtos de limpeza ou até comida para o filho, alguns pastores pegam para pagar o dízimo. “Pegam para pagar o dízimo se não tiver o dinheiro vivo para dar na hora. Eles pegam na conta. Aí quando tiver, vai lá e paga e eles entregam”.

Dízimo TODO domingo! Quem não paga entra no pau!
Atualmente o Centro de Ressocialização de Cuiabá tem 1.250 detentos, desse total, de acordo com a direção do presídio, cerca de 700 cumprem pena na ala evangélica, coordenada por três igrejas: Universal do Reino de Deus, Assembleia de Deus e Deus é Amor. O diretor do presídio, Dilton Matos de Freitas, diz que já havia recebido denúncias sobre a exigência de contribuição.

“Nós tínhamos feito algumas reuniões e pedido para eles que mudassem o jeito de tratar os próprios colegas de celas e que parassem de cobrar se por acaso estivessem cobrando essa quantia que eles estavam dizendo. Até agora as denúncias que temos, nada comprovado, é que trata-se da Igreja Universal”, contou o diretor do presídio.

O Ministério Público investiga a denúncia de que representantes da Igreja Universal estariam cobrando uma porcentagem do auxílio reclusão que as famílias dos detentos recebem. O pastor Alexandre Muniz da Igreja Universal de Cuiabá disse que a igreja não foi notificada oficialmente sobre a investigação do Ministério Público e por isso não ia se pronunciar.

De acordo com o promotor de justiça, Joelson de Campos Maciel, nenhuma igreja é impedida de trabalhar com os presos, mas a igreja é que tem que ajudar os presos e não os presos ajudar a igreja. “A ilegalidade está em obrigar o preso a contribuir pra igreja. Não tem como o preso ser obrigado a isso porque ele já tem a liberdade restringida”, pontuou.

Busca e apreensão

Boletos no nome da IURD não deixam margem para dúvidas.
O promotor responsável pela denúncia no Centro de Ressocialização de Cuiabá, Célio Wilson, informou nesta segunda-feira (16) que o advogado da Igreja Universal teve acesso ao pedido de busca e apreensão antes mesmo dele ser cumprido.

Segundo ele, há indícios de que houve vazamento de informações sobre o pedido de mandado de busca e apreensão. A representação foi feita de forma sigilosa na 2ª Vara Criminal de Cuiabá na tarde da última quarta-feira (11). Na quinta-feira (12), o processo já estava com o advogado da igreja. Por outro lado, o juiz Roberto Seror, titular da 2ª Vara Criminal, explica que não houve por parte do Ministério Público, pedido de sigilo. Por isso, o advogado teve acesso ao pedido de busca e apreensão.

Nesta segunda-feira (16), o pastor Alexandre Muniz, da Igreja Universal, disse que a a igreja não tinha sido notificada oficialmente sobre a investigação do Ministério Público e que não iria se pronunciar sobre o caso.

Contole dos dízimos e cadernetas para anotar os débitos.
No material recolhido pelos investigadores estão boletos bancários com o nome da igreja, dinheiro, além de um extrato bancário em nome de um preso e o saldo de pouco mais de R$ 43 mil. “Esse dízimo era destinado à igreja e recolhido quatro vezes por semana pelo pastor. Ou seja, os presos eram obrigados a contribuir diariamente com o dízimo”, explicou o promotor.

Célio Wilson revelou ainda que 40% dos mantimentos levados pelos parentes dos detentos eram repassados para o dirigente da igreja, uma pessoa da confiança do pastor. Mas depois os mantimentos eram vendidos e não doados para os presos. “Lideranças evangélicas faziam comércio de todo tipo de coisa, principalmente gêneros alimentícios e de higiene pessoal que, segundo investigações do Ministério Público, os indícios são da participação de um poder paralelo”, pontuou. Dentre os materiais apreendidos também estão duas barras de madeira e uma de aço que, segundo o promotor, seriam usadas para castigar os detentos que se recusavam a participar do esquema.

Procurador afirma que ouve vazamento sobre o mandato de busca e advogado da IURD teve acesso ao mesmo.
Além disso, o representante do Sindicato dos Agentes Prisionais de Mato Grosso, João Batista de Souza, revelou que o esquema de extorsão era tão poderoso que alguns servidores se viram obrigados a não denunciar para não serem punidos. “Na maioria das vezes o servidor acaba tendo que fechar os olhos porque não têm autonomia. O próprio estado não dá condições para ele fazer isso. Uma unidade que sofre superlotação, falta de efetivo e que às vezes o servidor que resolve ir contra acaba sendo até punido e transferido”, relatou João Batista.

A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos informou que está apurando a situação no Centro de Ressocialização de Cuiabá para então tomar providências. Sobre a afirmação do presidente do Sindicato dos Agentes Prisionais, João Batista de Souza, a secretaria informou que ainda não tem como emitir um posicionamento a respeito. 





Com informações do G1 e TV Centro América (still da transmissão).












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