terça-feira, 3 de abril de 2012

O outro evangelho e sua origem

O outro evangelho e sua origem:
"Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho; o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema" Gl 1.6-9

Esse "outro evangelho" denunciado por Paulo, e que estava cativando o coração dos crentes da Galácia era o "evangelho da justificação pela guarda da lei", incluindo a necessidade da circuncisão dos gentios, tornando-os assim parte do povo de Israel. Não é exatamente o que hoje estão pregando os adeptos da "teologia da prosperidade", mas Paulo deixou em aberto que qualquer "outro evangelho" que fosse pregado deveria ser anatematizado. 

Qual foi o evangelho que Paulo apresentou aos Gálatas? Seguramente o "Evangelho do Reino"', ou seja, do governo de Jesus sobre todas as áreas da vida. Na pregação do Evangelho do Reino fica evidente o "negar-se a si mesmo", o "tomar a cruz", o "buscar em primeiro lugar o Reino de Deus", o "abrir mão dos seus direitos", o "servir ao invés de ser servido". Nesse "outro evangelho" o que se percebe claramente é a busca dos seus interesses egoístas, a defesa e reivindicação dos seus direitos, a cura e a prosperidade material como direitos adquiridos dos filhos do Rei, ou seja, as benesses do Reino já. Daí a fala estranha: "Eu exijo", "Eu reivindico", "Eu ordeno", etc.

Agora, é muito importante perceber que fomos nós mesmo os pregadores do evangelho, que criamos tal excrescência, pois fomos nós que geramos esse "falso evangelho".

Como foi que ele nasceu? Certamente como resultado das nossas famosas "séries de conferências evangelísticas". A maior parte das igrejas evangélicas desenvolveu, durante muito tempo, como sua principal estratégia evangelística, eventos em que os crentes esforçavam-se para trazer convidados a fim de ouvirem o evangelho através de um renomado pregador. Durante muitos anos de minha vida participei de conferências deste tipo. Numa conferência evangelística o pregador será avaliado pela quantidade de pessoas que conseguir trazer à frente no apelo. Daí é que começou a surgir o barateamento do evangelho. O apelo virou apelação.

Ivênio dos Santos
In: Alma nua

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