domingo, 8 de abril de 2012

Aula 03 - ÉFESO, A IGREJA DO AMOR ESQUECIDO

Aula 03 - ÉFESO, A IGREJA DO AMOR ESQUECIDO:
Texto Básico:Ap 2:1-7

"Lembra-te,pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não,brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não tearrependeres"(Ap 2:5).

INTRODUÇÃO

“Éfeso” significa “desejável”. Essa igreja, quecomeçou bem a sua jornada rumo à Pátria celestial, havia abandonado o que lhedeu o conceito de desejável: o Amor. Quanto à doutrina, era ortodoxa e implacável, mas quanto à práticado amor, tornara-se heterodoxa, fria e seca. O amor é aessência da vida cristã. (Mt 24:12; 1Co 13). Uma igreja sem amor é uma igrejaem decadência total.

I. ÉFESO, UMA IGREJA SINGULAR

A cidade de Éfeso, capital da Ásia Menor, era uma das maiorescidades do mundo. Ali ficava o templo de Diana, uma das sete maravilhas domundo antigo. Era uma cidade cosmopolita (que apresenta aspecto comuns avários paises), essencialmente gentílica. Era uma cidade idólatra, umcentro de magia.
Ser crente em Éfesonão era popular. Lá ficava um dos maiores centros do culto ao imperador. Muitoscrentes estavam sendo perseguidos e até mortos por não se dobrarem diante deCésar. Outros estavam sendo perseguidos por não adorarem a grande Diana dosEfésios. Outros estavam sendo seduzidos a cair nos falsos ensinos dos falsosapóstolos. Mas os crentes estavam prontos a enfrentar todas as provas por causado nome de Jesus (Ap 2:2,3). Eles não esmoreciam. Permanecemos fiéis quandosomos perseguidos, provados e seduzidos? Hoje muitos crentes querem a coroa sema cruz; querem a riqueza sem o trabalho; querem a salvação sem a conversão;querem as bênçãos de Deus sem o Deus das bênçãos.
1. Paulo em Éfeso. Paulo visitou a cidade de Éfeso no final da segunda viagemmissionária, por volta do ano 52 d.C. Em sua terceira viagem missionária,permaneceu em Éfeso três anos, ensinando tanto a judeus como a gregos, pregandotanto acerca do arrependimento como da fé em Cristo. Paulo tanto evangelizavacomo ensinava. Ele era um evangelista e um mestre. Em Éfeso, Paulo enfrentouferas, tribulações maiores que suas forças. Nessa cidade, o evangelho desbancoua idolatria. Durante sua primeira prisão em Roma, Paulo escreveu a carta aosefésios, agradecendo a Deus o profundo amor que havia na igreja.
Através da instrumentalidade de Paulo, váriossinais de um poderoso avivamento podem ser constatados em Éfeso. Dentre elesdestacamos:
a) os novos convertidos receberam umderramamento do Espírito (At 19:1-7). Aqueles que haviamrecebido apenas o batismo de João, ao ouvirem sobre o Espírito Santo, forambatizados em nome de Jesus, receberam o Espírito Santo e tanto profetizaramcomo falaram em línguas. A mesma experiência que já havia acontecido emJerusalém e Samaria agora acontecia também em Éfeso. Era a dispensação da graçaestendendo seus horizontes para um campo totalmente gentílico.
b) os enfermos eram curados (At 19:11,12). O evangelho em Éfeso chegou não apenas em palavras, mas,sobretudo, em poder. Paulo pregou tanto aos ouvidos quanto aos olhos. Nãoapenas as pessoas foram perdoadas e salvas, mas também curadas e libertas. Éimportante ressaltar que a fonte do poder para curar não estava em Paulo. Omilagre não era feito pelo poder inerente de Paulo. O evangelista Lucas diz queDeus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levaremaos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais asenfermidades fugiam, e os espíritos malignos se retiravam (At 19:11,12).
c) os crentes confessavam e denunciavampublicamente suas obras (At 19:18). Onde háavivamento, há confissão de pecados. Onde o pecado é encoberto, as chuvas docéu são retidas. Onde o pecado é escondido, o derramamento do Espírito não érevelado. Aqueles que crêem verdadeiramente em Cristo são os que confessampublicamente suas obras más e as abandonam. Os efésios convertidos a Cristo nãose ocuparam de denunciar os pecados dos outros; eles denunciavam suas própriasobras, e isso de forma pública.
d) os laços com o ocultismo foramdecisivamente rompidos (At 19:19). Muitos dos efésiosconvertidos a Cristo vieram dos redutos do ocultismo, tão abundantes em Éfeso.Eles não apenas denunciaram suas obras más, mas também queimaram em praçapública seus livros de artes mágicas. Não há compatibilidade entre a fé cristãe o ocultismo. Não há ligação entre Cristo e os demônios. Não há sintonia entreo santuário de Deus e os ídolos. Não há comunhão entre a luz e as trevas.
2. A solidez doutrinária de Éfeso. Em toda a Ásia Menor,não havia igreja mais dinâmi­ca e ortodoxa do que a de Éfeso. Era uma igrejaapologética por excelência. Afinal, tivera o privilégio de ter como pastor, durante três anos,o apóstolo Paulo, o maior teólogo e mestre do Cristianismo (At 20:31). Duranteesse tempo, Paulo lhe expôs todo o conselho de Deus (At 20:27). Até o próprio Jesus Cristo elogiou aquela igreja: “Eu sei astuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer osmaus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são e tu os achastementirosos; e sofreste e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome e não tecansaste. Tens, porém, isto: que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eutambém aborreço”(Ap 2:2,3,6).
O preparo teológico da igreja de Éfeso era tão sólido, que o seupastor capacitara-se, inclusive, a confrontar os que se diziam apóstolos (Ap 2:2);ela tinha discernimento espiritual. Tornou-se intolerantecom a heresia (Ap 2:2) e com o pecado moral (Ap 2:6). Lutou de forma renhidacontra as falsas doutrinas dos nicolaítas, que pregavam uma nova versão docristianismo. Eles pregavam um evangelho liberal, sem exigências e semproibições; eles queriam gozar o melhor da igreja e o melhor do mundo; elesincentivavam os crentes a comer comidas sacrificadas aos ídolos; eles ensinavamque o sexo antes e fora do casamento não era pecado; eles acabavam estimulandoa imoralidade. Mas a igreja de Éfeso não tolerou a heresia e odiou as obras dosnicolaítas.
A igreja evangélicabrasileira precisa aprender nesse particular com a igreja de Éfeso.Infelizmente, estamos vivendo a época da paganização da igreja. A igreja estáperdendo o compromisso com a verdade. As pessoas hoje parecem ter aversão àteologia ortodoxa. Elas buscam novidades. O que determina o rumo da igreja nãoé mais a Palavra de Deus, mas o gosto dos consumidores. A igreja não prega aPalavra, mas o que dá ibope. A igreja oferece o que o povo quer ouvir. A igrejaestá pregando outro evangelho: o evangelho do descarrego, do sal grosso, daquebra de maldições, da prosperidade material, e não da santificação; da libertação,e não do arrependimento.
A igreja está perdendo a capacidade derefletir. Os crentes contemporâneos não são como os bereanos, nem como oscrentes de Éfeso, fiéis à doutrina. Estamos vendo uma geração de crentesanalfabetos em Bíblia, crentes ingênuos espiritualmente. Há uma preguiça mentaldoentia progredindo em nosso meio. Os crentes engolem tudo aquilo que lhes éoferecido em nome de Deus, porque não estudam a Palavra. Crentes que jádeveriam ser mestres, ainda estão como crianças agitadas de um lado para ooutro, ao sabor dos ventos da doutrina. Correm atrás da última novidade. Sãoávidos pelas coisas sobrenaturais, mas deixam de lado a Palavra do Deus vivo.
3. Uma igreja de ministros excelentes. Além de Paulo, a igreja em Éfeso foi pastoreada por Timóteo eTíquico. Mais tarde, o apóstolo João pastoreou aquela igreja. Agora, depois dequarenta anos, Jesus envia uma carta à segunda geração de crentes, mostrandoque a igreja permanecia fiel na doutrina, mas já havia se esfriado em seu amor.A tradição relata que quando João, já muito idoso e demasiado fraco para caminhar,foi levado à igreja de Éfeso, ele admoestava aos membros, dizendo-lhes:"Filhinhos, amemo-nos uns aos outros"(HENDRIKSEN, William. Mas queVencedores, p. 69).

II. O PROBLEMA DE ÉFESO

1. Um graveproblema. A igreja em Éfeso Ela era uma referência em toda aquela região daÁsia. Destacava-se por seu testemunho, esforço e extenuante labor pela expansãodo Reino de Deus. Mas, apesar de todas as suas inegáveis virtudes e qualidades,havia um grave problema com a igreja em Éfeso: estavadesconectada da prática da piedade e do exercício do amor. Se ela se dispusesse aresolver essa falha seria uma igreja perfeita. George Laddcomentando sobre o esfriamento do amor da igreja de Éfeso, diz: “Este era umfracasso que atacara, nas bases, sua vida cristã. O Senhor tinha ensinado que oamor mútuo devia ser a marca que identificava a comunhão dos cristãos (João13:35). Os convertidos de Éfeso tinham experimentado esse amor nos primeirosanos de sua nova existência; mas parece que a luta contra os falsos mestres e seuódio por ensinos heréticos trouxeram endurecimento aos sentimentos e atitudesrudes a tal ponto que levaram ao esquecimento da virtude cristã suprema que é oamor. Pureza de doutrina e lealdade não podem nunca ser substitutos para oamor” (Ladd, George. Apocalipse, p. 32).
2. O primeiro amor. Alguns acham que aperda do “primeiro amor” por parte da igreja de Éfeso era uma baixaprodutividade ou um relaxamento no trabalho de Deus. Mas de acordo com o queJesus falou na carta à Igreja de Éfeso, não se trata apenas de “relaxar” notrabalho de Deus, pois o Senhor lhes disse: “Conheço as tuas obras, tanto oteu labor como a tua perseverança” (Ap 2:2a). A igreja de Éfeso sedestacava por suas muitas obras, seu labor árduo e sua perseverança paciente.Não tolerava homens maus em seu meio. Tinha a capacidade de discernir falsosapóstolos e lidar com eles de modo apropriado. Tampouco se trata de desânimo oudesistência, uma vez que nesta mensagem profética o Senhor Jesus louva apersistência desses cristãos de Éfeso: “e tens perseverança, e suportasteprovas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer” (Ap 2:3).
O que mais denota ou caracteriza a perda deste“primeiro amor” é o arrefecimento da chama da afeição. O entusiasmo ardente dosprimeiros dias havia desaparecido. Ao olharem para trás, seus membros veriamdias melhores nos quais seu amor como noiva de Cristo fluía de modo caloroso,pleno e desimpedido. Continuavam firmes na doutrina e ativos no serviço, mas overdadeiro motivo de toda adoração e serviço não estava presente. Precisavam selembrar dos dias mais venturosos do início da fé, se arrepender da perda do“primeiro amor” e resgatar o serviço dedicado que havia caracterizado oprincípio de sua vida cristã. De outro modo, o Senhor removeria o “candeeiro”de Éfeso, ou seja, aquela congregação deixaria de existir. Seu testemunho seapagaria. Infelizmente, foi o que aconteceu.
3. Amnésia do Amor. Como alguém podeesquecer de sua identidade? É isso mesmo, o amor é o cartão de identidade docristão. Bemdisse o pr. Claudionor de Andrade, “esquecer o primeiro amor não é incidenteteológico, é que­da espiritual”.
Jesus advertiu: “Deixasteo primeiro amor”(2:4). Isto se refere ao primeiro e profundo amor ededicação que os efésios tinham por Cristo e sua Palavra. Esta advertência nosensina que conhecer a doutrina correta, obedecer a alguns dos mandamentos e iraos cultos na igreja não bastam. Quando nosso conhecimento teológico não nosmove a nos afeiçoarmos mais a Deus o amor esfria. Conhecemos muito a respeitode Deus, mas não desejamos ter comunhão com ele. Como o profeta Jonas falamosque Ele é todo-poderoso, mas o desafiamos com nossa rebeldia. Falamos que ele éamável, mas não temos prazer em falar com ele em oração. A igreja deve ter,acima de tudo, amor sincero a Jesus Cristo e sua Palavra como um todo. O amorsincero a Cristo resulta em devoção sincera a Ele, em pureza de vida e em amorà verdade(2Co 11:3).
Deixamos também nossoprimeiro amor quando nosso amor por Jesus é substituído pelo nosso zeloreligioso. Defendemos nossa teologia, nossa fé, nossasconvicções e estamos prontos a sofrer e a morrer por essas convicções, mas nãonos deleitamos mais em Deus. Não nos afeiçoamos mais a Jesus. Já não sentimosmais saudades de estar com ele. Os fariseus eram zelosos das coisas de Deus;observavam com rigor todos os ritos sagrados, mas o coração deles estava secocomo um deserto.
Hoje, também, existemcrentes fiéis, mas sem amor. Crentes ortodoxos, mas secos como um poste.Crentes que conhecem a Bíblia, mas perderam o encanto com Jesus. Crentes quemorrem em defesa da fé e atacam a heresia como escorpiões do deserto, mas nãoamam mais o Senhor com a mesma devoção. Crentes que trabalham à exaustão, masnão contemplam o Senhor na beleza de sua santidade. Sofrem pelo evangelho, masnão se deleitam no evangelho. Combatem a heresia, mas não se deliciam naverdade.
Deixamos, ainda,nosso primeiro amor quando examinamos os outros e não examinamos a nós mesmos. A igreja de Efeso examinava os outros, mas não era capaz deexaminar a si mesma. Tinha doutrina, mas não tinha amor. Era capaz deidentificar os falsos ensinos e os falsos apóstolos, mas não identificava afrieza do amor em si mesma. Identificava a heresia nos outros, mas não suaprópria apatia espiritual. Tinha zelo pela ortodoxia, mas estava vazia daprincipal marca do cristianismo, o amor.

III. VOLTANDO AO PRIMEIRO AMOR

Jesus adverte: “Lembra-te, pois, de onde caíste,arrepende-te e volta à prática das primeiras obras...”(Ap 2:5).
Estamos vivendo umacrise de valores na igreja. Abandonamos a simplicidade do evangelho.Substituímos a sã doutrina pelas novidades do mercado da fé. Trocamos a verdadepelo sucesso. Substituímos a pregação pelo espetáculo. Colocamos no lugar daoração, em que nos quebrantávamos e chorávamos pelos nossos pecados, os grandesajuntamentos, em que saltitamos ao som estrondoso e ensurdecedor dos nossosinstrumentos eletrônicos.
“Precisamosdesesperadamente voltar ao primeiro amor. Precisamos de um reavivamento que nostraga de volta o frescor da vida abundante em Cristo Jesus. Precisamosdesesperadamente do revestimento e do poder do Espírito Santo. Precisamos deuma igreja fiel que prefira a morte à apostasia. Uma igreja santa que prefira omartírio ao pecado. Uma igreja que ame a Palavra mais do que o lucro. Umaigreja que chore pelos seus pecados e pelas almas que perecem, e não pelasdificuldades da vida presente. Precisamos de uma igreja que tenha visãomissionária e compaixão pelos que sofrem. Uma igreja que tenha ortodoxia e piedade,doutrina e vida, discurso e prática. Uma igreja que pregue aos ouvidos e aosolhos”(Rev. Hernandes Dias Lopes).
1. Rica em obras, pobre em amor. O Senhor começa Sua carta com um elogio aos crentes efésios: “Eusei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência...”. Eles erampacientes e trabalhadores. Era uma igreja que possuía um grau avançado deconhecimento bíblico, e não temia utilizá-lo em sua administração, a ponto deprovarem os apóstolos para ver se eram realmente verdadeiros. Ou seja, podemosentender que era uma igreja que não tolerava o pecado. Seus crentes eramincansáveis em seus trabalhos em prol do Reino de Deus. Mas, de alguma forma,eles esqueceram-se do primeiro amor. É provável que quanto mais se ocupassem emseus trabalhos, mais se esquecessem de para quem estavam trabalhando e dacomunhão que deveriam ter com Jesus. Isso o Senhor não iria permitir. Ele quero nosso amor, mais do que as muitas ocupações que podemos ter em nossasigrejas. Até mesmo o auto-sacrifício sem o amor nada é, conforme destaca oapóstolo Paulo em 1Co 13:3: “E ainda que distribuísse toda a minha fortunapara sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para serqueimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria”.
2. Amar é amais elevada das obras. O amor a Deus deve ser prioritário nocoração de quem procura servi-lo (Mt 10:37). Deus se alegra em ver seus filhosdando prioridade a Ele. Priorizar a Deus é amá-lo acima de todas as coisas.Aliás, é o mandamento mais sublime: “"Amarás ao Senhor teuDeus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento" (Mt 22:37). Jesus não aceita que o amemosparcialmente; Ele requer que o amemos “de todo o nosso coração”.Devemos amá-lo, também, “de toda a alma”, ou seja, toda a nossa personalidade,toda a nossa individualidade tem de ser sujeita ao Senhor e à Sua vontade. Comosabemos, a alma humana é a sede dospensamentos, das emoções, da personalidade, é o elemento que nos fazdistintos uns dos outros e cujas principais faculdades são a vontade, ointelecto e o sentimento. Ora, é a submissão de tudo isto a Deus quesignifica o nosso amor ao Senhor. Quando amamos a Deus, colocamos nossosentimento, nosso intelecto e nossa vontade a serviço do Senhor. Somente assimrealmente demonstraremos que amamos a Deus. Muitos têm fracassado na fé, têmdeixado de frutificar porque não amam de toda a alma, porque querem dar umespaço para o “eu”, quando deveriam renunciar a si mesmos (Mt 16:24) e deixarCristo viver neles. Sigamos o exemplo do apóstolo Paulo e não mais vivamos, masdeixemos que Cristo viva em nós (Gl 2:20). Veja o belo exemplo de Habacuque queamava a Deus sobre todas as coisas, mesmo desprovidos de qualquer bênçãomaterial:Ainda que a figueira não floresça, nemhaja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzammantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não hajavacas, todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação”(Hc 3:17,18).

IV. LEMBRANDO-SE DO PRIMEIRO AMOR

A igreja de Éfeso foichamada a lembrar-se, a arrepender-se e a voltar à prática das primeiras obras.Caso esse expediente não fosse tomado, Jesus sentencia: "Se não tearrependeres, logo virei contra ti e tirarei o teu candelabro do seulugar" (Ap 2:5). Jesus não apenas diagnostica a doença da igreja, mástambém lhe oferece o remédio eficaz. A igreja precisava reavivar sua memória,mudar sua mente e sua atitude. Não basta reconhecer o erro nem mesmo sentirtristeza por ele; é preciso voltar as costas ao pecado e a face para Deus emuma demonstração sincera de arrependimento. É preciso voltar às primeirasobras. É preciso resgatar o que se perdeu. É preciso voltar à simplicidade docristianismo sem as sofisticações que agregamos na caminhada rumo ao Céu. Aordem de Jesus é arrepender e viver ou não se arrepender e morrer. Oarrependimento produz vida; e a desobediência, morte. A falta de arrependimentoapagou a lâmpada da igreja de Éfeso, e a mesma cidade que experimentara umpoderoso avivamento no passado, agora jaz mergulhada em um caudal de trevas eobscurantismo.
Como voltar ao primeiro amor? O próprio Jesus aponta o caminho derestauração: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta àprática das primeiras obras...”(Ap 2:5). Cristo falou de três passospráticos que devemos dar a fim de voltarmos ao primeiro amor: (1) “Lembra-te”;(2) “Arrepende-te”; (3) “Volta à prática das primeiras obras”.
1. Lembrar-se de onde caiu. Jesus foienfático à igreja: "Lembra-te, pois, de onde caíste". A igreja nãoestá sendo chamada a relembrar seu pecado. Não está sendo dito: lembra-te emque situação caíste, mas de onde caíste. O filho pródigo começou seu caminho derestauração quando se lembrou da casa do Pai. O passado precisa novamentetornar-se um presente vivo. O profeta Jeremias declarou: “Quero trazer àmemória o que me pode dar esperança” (Lm 3:21). A solução é nos lembrarmosde onde começamos a nos afastar do Senhor. Deus não nos manda aprender nadanovo, apenas lembrar-nos de onde caímos: "lembra-te de onde caístes".
Algumas lembrançastêm o poder de produzir em nós um caminho de restauração. Muitas vezes não nosdamos conta daquilo que temos perdido. E uma boa forma de dimensionar nossasperdas é contrastar aquilo que estamos vivendo hoje com aquilo que jáexperimentamos antes em Deus. Relembrar os primeiros momentos de fé, deexperiência com Deus é a melhor maneira de retomar a experiência do primeiroamor. Esse passo é de suma importância para os que se esqueceram de que acomunhão com o Senhor é mais importante do que as coisas que fazemos para Ele.
2. Arrepender-se. Em seguida Jesusdisse: "arrepende-te". Arrependimento não é emoção, édecisão. É atitude. Não precisa existir choro, basta decisão. O filho pródigonão só se lembrou da casa do Pai, mas voltou para a casa do Pai. Lembrança semarrependimento é remorso. Essa foi a diferença entre Pedro e Judas.Arrepender-se representa mudar a mente, mudar a direção, voltar-se para Deus.Representa deixar o pecado. Representa romper com o que está entristecendo onosso Senhor Jesus. O que está fazendo seu coração esfriar? Deixe isso de lado.Arrependa-se.
Há uma solene advertência à igreja, caso elanão se arrependa. Jesus disse: "logo virei contra ti e tirarei o teucandelabro" (Ap 2.5). Candelabro é feito para brilhar. Se ele nãobrilha, ele é inútil, desnecessário. A igreja não tem luz própria. Ela sóreflete a luz de Cristo. Mas, se não tem intimidade com Cristo, ela não brilha;se ela não ama, não brilha, porque quem não ama está nas trevas. Portanto, JesusCristo rejeitará toda congregação ou igreja que não se arrepender de sua faltade amor e obediência ao Senhor Jesus Cristo, e a removerá do seu reino.
3. Voltar a prática das primeiras obras. Finalmente Jesus disse: “volta à prática das primeiras obras".Como mencionei no item III.1 acima, os crentes efésios eram ricos em obras. Foio próprio Jesus quem o disse. Então por que voltar às primeiras obras?Certamente, esses crentes eram bastante esforçados em seus trabalhos em prol doReino de Deus. Todavia, no trabalho que desempenhavam em prol do reino de Deusestava ausente o principal e indispensável elemento: o amor. É provável quequanto mais se ocupassem em seus trabalhos, mais se esquecessem de para quemestavam trabalhando e da comunhão que deveriam ter com Jesus. Nenhuma obra écompleta e perfeita sem o amor incondicional a Jesus Cristo.
Você que se afastou dele, que está frio. Vocêque deixou de orar, de se deleitar na Palavra. É tempo de voltar-se para Jesus,de se devotar novamente a Ele. Arrependa-se de ter deixado a verdadeira ortopraxiacristã, conforme os ditames da Palavra de Deus, e volte à prática das primeirasobras. Mas, não adianta se arrepender e depois repetidamente se arrepender. Énecessário arrependimento e depois frutos do arrependimento, ou seja, asprimeiras obras. Ninguém se arrepende de um pecado e continua praticando essemesmo pecado. Amém?

CONCLUSÃO

A carta à igreja dos efésios nos ensina que a ortodoxia uma vezpraticada sem amor, esfria e mata a verdadeira espiritualidade. Não podemos, apretexto de "zelar" pela verdade, desconsiderar o cultivo de umaprofunda espiritualidade banhada em amor. A nossa mensagem deve tocar mentes ecorações. Assim, como o Senhor requereu da igreja de Éfeso, devemos voltar aoprimeiro amor e encharcarmo-nos do Evangelho da Graça de Deus.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD –Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 49.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Rev.Hernandes Dias Lopes – Apocalipse – Ofuturo chegou.
Rev.Hernandes DiasLopes – Ouça o que o Espírito diz às Igrejas.




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